Ausências marcam debates entre candidatos de Mariana e de Ouro Preto

Mariana e Ouro Preto,
23 de Setembro de 2016

Iniciativa da TV Top Cultura em parceria com a imprensa local criou debates educativos entre candidatos das cidades de Ouro Preto e de Mariana

As noites de segunda-feira, 19/09, e terça-feira, 20/09, foram marcadas pela realização de debate educativo proposto pela TV Top Cultura em parceria com a imprensa regional, dos jornais O LIBERAL e Ponto Final, das rádios Itatiaia Ouro Preto, Real FM, Província, UFOP e da TV UFOP. Na segunda-feira o debate foi entre os candidatos de Mariana, e na terça-feira, de Ouro Preto, ambos mediados pelo jornalista Rondon Marques.

Mariana

O debate entre os candidatos de Mariana já começou enfrentando dificuldades. Uma reunião entre todas as coligações participantes definiu regras para o debate, remetidas à Justiça Eleitoral. Segundo as regras, uma vez iniciado o evento, às 19h 30, nenhum candidato retardatário poderia mais participar do evento. Foi o que aconteceu com os candidatos Duarte Jr. (PPS) e Neusa Zuzu (PSOL) que chegaram com 5 minutos de atraso. Os candidatos já presentes, Valério Vieira (PSTU) e Martha Rodrigues (PTB) foram convidados pela comissão organizadora (TV Top Cultura, jornal O LIBERAL e rádio Real) à fazer concessão intencionada para a autorização da participação dos candidatos atrasados, mas enquanto Valério Vieira aceitou a proposta, a coligação de Martha Rodrigues entendeu por não quebrar regras previamente acordadas. Assim, com algum atraso, o debate seguiu com apenas dois dos candidatos. A decisão foi criticada por Duarte e Zuzu, que a atribuíram ao “medo” da candidata Rodrigues. Martha, por sua vez, em entrevista posterior criticou a “falta de responsabilidade” de Duarte, em não comparecer no horário acordado.

O candidato Valério Vieira iniciou suas considerações no debate fazendo uma crítica “às elites” e à solução do impedimento, desejando não apenas o “fora Temer”, mas o “fora todos”. Já Martha Rodrigues focou em se apresentar como candidata que adotou a cidade, frisando que três candidatos concorrentes não são nascidos em Mariana originalmente.

Entre os questionamentos feitos pela imprensa, a continuidade da obra da UPA (prometida pela candidata Rodrigues), a questão da segurança pública, que para o candidato Vieira está ligada a questões sociais, como saúde, educação e emprego, e que não deve ser encarada pela expansão do aparato repressivo do estado; o sítio arqueológico do Gogô e seu abandono, e a atribulada política marianense, que conta com 3 ex-prefeitos que tiveram direitos políticos suspensos diretamente envolvidos no processo eleitoral, apoiando um ou outro candidato concorrente.

No bloco de perguntas entre os candidatos, Martha Rodrigues frisou os gastos com transporte, que considera excessivos, da secretaria de Governo de Mariana, cujo titular, Edvaldo de Andrade, foi preso recentemente sob acusação do Ministério Público, por fraude em licitação. Já Valério Vieira frisou que as duas chapas “mais importantes” em disputa pela prefeitura possuem denúncias de corrupção contra si e propôs um governo popular e autônomo para resolver o problema. Martha Rodrigues defendeu sua chapa como isenta de corrupção, seja por sua parte ou de seu vice, e que seu marido, o ex-prefeito Roberto Rodrigues não possui nada contra si exceto um processo com decisão favorável em 3ª instância. Valério rebateu citando a presença do ex-prefeito Celso Cota como apoiador de Rodrigues no pleito atual.

O debate também foi marcado pelo distanciamento ideológico entre os dois candidatos, já que Martha se coloca como liberal ao passo que Valério segue um discurso mais socialista. Isso se refletiu na proposição de soluções para a questão das mineradoras e o crescente desemprego, especificamente, no caso da Samarco, após o rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015.

Ouro Preto

Aguardado como um debate com menos surpresas, após o ocorrido no do dia anterior, o debate de Ouro Preto não contou com a presença do candidato Júlio Pimenta (PMDB) que enviou carta escrita de próprio punho justificando sua ausência, mediante a necessidade de participar de compromissos previamente agendados na Associação Comercial de Ouro Preto, além de comício em Antônio Pereira junto ao candidato em Mariana, Duarte Jr. Os candidatos Caio Bueno (PSB) Guilherme Péret (PSC) e Léo Feijoada (PMN) debateram.

Caio Bueno iniciou apresentando seu extenso currículo, como ex-secretário em Ouro Preto, ex-reitor geral do IFMG e cargo junto a Confederação Nacional das Indústrias, administrando orçamento de mais de R$ 2 bilhões. Guilherme Péret citou sua formação em direito e a expressiva votação para vereador nas últimas eleições. Focou em especial em seu vice, Leo Brandão, médico atuante na cidade. Léo Feijoada, vereador e candidato a prefeito, frisou a condição minoritária de sua candidatura, que tem apenas 27 segundos de tempo de rádio e TV, e agradeceu a oportunidade democrática de se manifestar.

Iniciada a rodada de perguntas da imprensa, foi questionada a viabilidade política da candidatura de Léo Feijoada, que rebateu com proposta de redução do custo da máquina pública, inchada em sua visão. O candidato Péret foi questionado sobre planos para períodos chuvosos, e propôs a implementação do plano de saneamento básico, já existente mas não aplicado. Por sua vez Caio Bueno respondeu pergunta sobre o fechamento do Educandário St. Antônio e as dificuldades enfrentadas pelo Lar São Vicente de Paulo. Para Caio, essas dificuldades podem ser vencidas com nova legislação e promoção de emprego e renda, além de inclusão social. Além disso, outra pergunta à Caio apontou a má qualidade de obras realizadas na cidade, que suscitam protestos por parte da população. Para Caio, é preciso seriedade e honestidade para garantir obras de qualidade.

No confronto entre os próprios candidatos, a gestão do candidato Júlio Pimenta como secretário de obras durante o governo Angelo Oswaldo (2004-2012) que sofreu denúncias ao Ministério Público e realização de CPI pela Câmara de vereadores, investigando supostos ilícitos, virou foco, com troca entre Péret e Feijoada. Se manifestando, o candidato Caio Bueno opinou que Júlio Pimenta “já governou Ouro Preto”, mas na condição de “eminência parda”. O candidato Léo Feijoada questionou o Partido dos Trabalhadores (PT) por se aliar a Pimenta.

Já em troca entre os candidatos Léo e Caio, Léo apontou o prefeito José Leandro como aliado de Caio, diversas vezes. Já Caio adotou a postura de que “não deve nada a nenhum governo anterior, nem pelos acertos nem pelos erros” e que não há qualquer acordo com o atual prefeito. Por outro lado, Caio citou a relação de liderança do partido de Léo (PMN) com a empresa Minas Brasil transportes, contratada da prefeitura pela atual administração, e alvo de extensas controvérsias.

O debate se encerrou com concordância entre os candidatos da necessidade de licitar o transporte público, questão que se delonga há anos, e considerações finais.

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