Em Itabirito, mineradora Herculano e seis pessoas são indiciadas por rompimento de barragem

Itabirito,
14 de Janeiro de 2016

Acidente ocorreu em setembro de 2014 e matou três pessoas. Cinco dos indiciados vão responder homicídio doloso

Durante uma coletiva de imprensa na tarde da quarta-feira (16) a Polícia Civil de Itabirito apresentou a conclusão do inquérito sobre o rompimento da barragem da mineradora Herculano, ocorrida no dia 10 de setembro de 2014, que resultou na morte de três pessoas.

De acordo com a delegada responsável pela investigação, Mellina Clemente, a mineradora agiu de forma irresponsável, já que uma das vítimas fatais, Adilson Aparecido Batista, alertou a empresa sobre o risco de acidente. A mineradora e mais seis pessoas foram indiciadas por crimes ambientais, sendo que cinco irão responder por homicídio doloso, quando se assume o risco de matar. Se condenados, podem pegar de seis a 20 anos de prisão. “Mesmo não sendo técnica de segurança de barragem, a engenheira de Segurança do Trabalho da mineradora fotografou e constatou o perigo. Em seguida, o gerente geral da Mineradora Herculano foi avisado e nada foi feito, o que comprova que a empresa atuou de forma irresponsável”, destacou. O laudo técnico da perícia, elaborado por uma equipe do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, concluiu que houve uma sucessão de erros por parte da empresa. Causas

De acordo com o perito Otávio Guerra Goulart, quatro barragens operavam no local, sendo que duas eram usadas para armazenar rejeitos, enquanto as outras duas eram para acúmulo de água.

O perito afirmou que a barragem se rompeu pela deficiência de drenagem. “A deficiência de drenagem propiciou que o curso de água interno da barragem se elevasse, razão pela qual saturou parte do maciço, que então entrou em colapso”, explicou.

A investigação apontou que em 2010 a barragem B1 teve quer ser inutilizada por ter atingido o seu limite. Assim, a Herculano passou a depositar os rejeitos na barragem B4. “Porém, a B4 apresentou novos problemas. A empresa ficou em uma encruzilhada, querendo produzir, mas sem saber onde depositar os rejeitos, passando a reutilizar a B1, isso sem licenças ambientais ou projetos”, informou a delegada Mellina.

Os indiciados

O engenheiro de minas da empresa, Nivaldo José Machado, os sócios da mineradora: Jairo Herculano Antunes, Mardoquel Herculano Antunes e Gláucio Herculano Antunes, assim como o gerente geral da mineradora, Renato Mariano Antunes Herculano Souza, foram indiciados por homicídio doloso. A Herculano Mineração LTDA. e o sócio-diretor da Engeo, Marcos Naves Branco, que presta serviço de consultoria à mineradora, vão responder por crime ambiental.