Julifest: uma festa que começa bem antes do primeiro acorde no palco

Itabirito,
01 de Julho de 2016

Preparação para o evento movimenta associações de bairro até cinco meses antes do dia da festa

A Julifest é o maior evento de Itabirito, atraindo cerca de 30 mil pessoas por dia. Mas antes de o primeiro artista subir ao palco, antes de o primeiro pastel de angu ser vendido, muita gente trabalhou para garantir a beleza e a qualidade. A Julifest é executada pela Prefeitura em parceria com as associações e a primeira reunião para discussão da festa aconteceu em março. Desde então, as associações se movimentam em ritmo frenético para deixar tudo pronto para a festa, que começa no dia 14 de julho.

Um dos pontos de atenção mais importantes para os membros das associações é a construção das barracas. Aliás, barracas, não. Os pontos de venda de cada associação são verdadeiras casas, cuja construção é prevista em regulamento e há prêmios para os melhores. De acordo com o regulamento, as barracas podem utilizar materiais como sapé, tábua, argila, bambu, tijolos de barro maciços e telhas coloniais. Para deixar tudo perfeito, contudo, não basta apenas a estrutura, mas criatividade nos detalhes.

Wesley França é tesoureiro da Associação do Bairro Praia. Este ano, eles contrataram um pedreiro para fazer a estrutura da casa, mas a decoração e os arremates, segundo ele, vão até o dia da Julifest. “O pedreiro faz a base, mas a colocação das janelas, portas, balcão, pintura, decoração e várias outras coisas são na base do voluntariado. Nós reunimos as pessoas que têm boas ideias, pegamos móveis emprestados e vamos arrumando a casa. Não existe aquele ditado que diz que duas cabeças pensam melhor do que uma?”, conta Wesley. Segundo ele, cerca de 50 pessoas do bairro estão envolvidas com a Julifest.

O regulamento ainda estipula todos os elementos que serão considerados para julgar as barracas no concurso. Desde as dimensões, até a criatividade na decoração são considerados. E não basta apenas fazer uma bela barraca. Os membros das associações têm que prezar também pelo atendimento, organização e até o estilo das roupas, que devem obedecer ao mote junino.

Outro ponto que deixa as associações em polvorosa é a preparação dos quitutes. No cardápio da Julifest entram as comidas típicas das festas juninas, como canjica, quentão e caldos, mas também não falta a iguaria mais apreciada de Itabirito: o pastel de angu. Segundo a presidente da Associação do Bairro Vila Gonçalo, Edi Maria Braga Santana, é preciso começar a cortar e congelar alimentos para o pré-preparo até dois meses antes, para dar conta da demanda na festa.

“O preparo começa em maio. Nós cortamos os alimentos e congelamos para ficar tudo pronto no dia da festa. Dá para adiantar coisas como pasteis, mandioca, torresmo, tempero, entre outras”, afirma. Segundo ela, cerca de 20 pessoas estão envolvidas nesse trabalho. E não é toa. Só em pasteis de angu são vendidos mais de quatro mil unidades em uma Julifest, mas o retorno também é significativo. “Dá para conseguir um bom lucro e todo ele é revertido para a associação”, completa.

Festa que movimenta a cidade

De acordo com o secretário de Patrimônio Cultural e Turismo, Ubiraney de Figueiredo Silva, mais do que uma festa, a Julifest é uma ação de mobilização social que inclui toda a cidade. “A mobilização social que acontece em Itabirito antes da Julifest é imensa e envolve tanto as diretorias das associações, quanto os moradores dos bairros. Eles se unem para o preparo dos alimentos, construção das barracas e este ano também para colaborar na decoração. Esse é o aspecto mais importante da festa”, afirma.

Para a secretária de Assistência Social, Jussara do Carmo Vieira, é uma forma também de fortalecer vínculos. “Além de aquecer a economia de Itabirito, essa mobilização fortalece os vínculos comunitários e familiares em torno de um objetivo: conseguir recursos para fortalecer as associações comunitárias e financiar os projetos sociais nos bairros”.

Desabrochar da decoração

A Julifest tem todos os elementos que remetem às tradicionais festas juninas, como bandeirinhas, fogueiras e roupas típicas, mas em Itabirito o grande charme da decoração serão as flores. No espaço da festa e em praças da cidade serão instalados ipês artificiais, que serão decorados com flores de papel crepom. Serão mais de 45 mil flores, cuja confecção foi feita também em parceria com as associações comunitárias. No total, são 145 artesãos envolvidos, com a participação dos Clubes de Mães, das Associações Comunitárias de Bairros e dos Grupos de Artesãos da sede e dos distritos.

A inspiração para usar as flores na decoração veio de duas tradições da cidade, as flores de maio e uma personagem histórica muita querida, a Sá Carolina.

A tradição da flor de maio remete a Portugal. Na noite do dia 30 de abril para 1º de maio, moradores da cidade enfeitam suas casas com flores do campo de cor amarela para celebrar a chegada do “mês de Maria”. Durante a Julifest, cada uma das barracas das associações também estará enfeitada com uma flor amarela.

Já Sá Carolina é uma personagem muito conhecida da história itabiritense. Muito devota, Carolina Marques de Carvalho, a famosa Sá Carolina, recolhia doações de flores nas casas da cidade e as levava, em uma lata que apoiava na cabeça, para a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem. O objetivo era nobre: enfeitar o altar de Nossa Senhora. Ela repetiu essa rotina por muitos anos, até sua morte, em 1960. Na Julifest deste ano, além das flores de papel crepom, ela será lembrada também por seis bonecas de três metros de altura, que estão sendo feitas em homenagem a ela.

“O Projeto de decoração foi desenvolvido em parceria com a Associação Itabiritense de Artistas e Artesãos (AIAA). Ele traz temas que fazem parte da identidade cultural do itabiritense, considerados patrimônio imaterial. Dessa forma, transformamos o projeto em uma ação de Educação Patrimonial que atende a deliberações do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG)”, revela Ubiraney de Figueiredo.

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