Manifestação termina em vandalismo em Itabirito

Itabirito,
15 de Julho de 2016

Protesto que criticaria abordagem da Guarda Municipal consuma em depredação do patrimônio público

Um cenário de guerra como nunca visto em Itabirito chocou moradores da cidade na quarta-feira (6). Depredação do patrimônio público, vitrine e lixeiras quebradas e pessoas apavoradas foram os resultados de uma manifestação que tinha como objetivo criticar a abordagem da Guarda Municipal a dois jovens da cidade no início do mês.

O movimento teve início nas redes sociais após repercussão de vídeos envolvendo a ação de guardas municipais e alguns jovens. Dezenas de pessoas se aglomeraram na Praça 1º Primeiro de Maio com cartazes, onde gritavam palavras de ordem. Cerca de 20 policiais da Tropa de Choque da PM trabalharam na operação. O comércio do Centro fechou as portas e foi preciso o uso de bomba de gás lacrimogênio pelos militares para conter alguns manifestantes que revidavam jogando pedras e bombas caseiras.

Os vidros da Sala dos Ferroviários, na Praça da Estação, e de um carro da Prefeitura foram apedrejados. Lixeiras foram quebradas e lixos espalhados pelas ruas. “Foi um momento de muito pânico. Eu fiquei muito assustada. Estava passando pela avenida na hora. Sai correndo e graças a Deus deu tempo de me esconder uma loja. É um absurdo o que aconteceu aqui, eu sinto vergonha por esses bandidos, pois isto não é protesto, é crime”, desabafa uma moradora que preferiu não se identificar.

Há quem defenda que a situação agravou devido a ação da tropa de choque, que foi acionada para ajudar os polícias de Itabirito. O Capitão da PM, Glauber Sigaud, disse que a polícia não foi acionada para auxiliar na segurança dos manifestantes. “Todos tem direito a manifestar pacificamente, contudo ninguém solicitou apoio da PM. Como tivemos acesso a áudios de ameaça e relatando que a situação iria ser grave, resolvemos pedir o apoio do batalhão da polícia de Ouro Preto”, afirma o Capitão. “Quando deslocamos pelo local vimos pessoas deitadas na faixa de pedestre, impedindo o acesso ao trânsito. Tentamos negociar a liberação do tráfego, mas eles foram indiferentes com a PM”, completa Sigaud.

Relembre o caso

Uma abordagem da Guarda Civil Municipal de Itabirito (GCMI) a dois jovens causou muita polêmica na cidade no início d mês. Dois vídeos que circulam na internet mostram o momento da confusão e dividem opiniões nas redes sociais. Em um dos vídeos aparece guardas municipais imobilizando um homem, que minutos antes enfrentava um dos guardas com empurrões e palavrões. Já sob custódio da guarda, o rapaz foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e chegando ao local um de seus amigos, indignado com a atitude, teria tentado defendê-lo e agredido um guarda que estava no local, mas de folga. O fato foi gravado por pessoas e amigos que se encontravam na Unidade.

Cinco pessoas foram presas

A polícia Militar prendeu cinco pessoas e apreendeu oito menores durante a manifestação. De acordo com a polícia, com as imagens de câmeras de trânsito, mais pessoas estão sendo investigadas, além das postagens de ameaças a guarda nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil um dos envolvidos na abordagem do vídeo também foi preso. Eles vão responder processo pelos seguintes crimes: dano ao patrimônio público, incitação ao crime, formação de quadrilha e formação de quadrilha qualificada, por causa dos menores.

Manipulação da opinião pública e exploração política do fato em análise

O insuflar da opinião pública acerca do fato iniciador se deu por meio não apenas de publicações com ameaças, em redes sociais, mas também pela veiculação de matérias jornalísticas, inclusive em grande emissora de televisão, e pela exploração política do ocorrido por membros da sociedade civil organizada e políticos reconhecidos.

As gravações feitas pelos criminosos, às quais O LIBERAL teve acesso, demonstram premeditação de parte dos ‘manifestantes’, em especial os diretamente ligados à agressão, em causar tumulto social; e envergonham não apenas aqueles que se deixaram levar pelo torpe vitimismo encenado, mas também àqueles que demagogicamente exploraram a questão para fins políticos e de audiência.