“O bom filho à casa torna” assim foi anunciada a volta do Festival de Inverno à Ouro Preto em 1993

Ouro Preto,
07 de Julho de 2017

“O bom filho à casa torna. Depois de ficar 14 anos longe de Ouro Preto, o Festival de Inverno da UFMG volta às suas origens”, publicou um dos jornais do estado em 1993. Outro ainda escreveu “A 25ª versão do Festival de Inverno da UFMG promete reviver os áureos tempos do evento, que finalmente retorna a seu berço: Ouro Preto”.

Assim foi anunciada a volta do Festival de Inverno da UFMG à Ouro Preto pelos veículos de comunicação do estado, incluindo O LIBERAL, em 1993, após 14 anos ocorrendo em outras cidades. O secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, na época, prefeito de Ouro Preto, relembra um fato curioso, “quando se estabeleceu a itinerância do Festival de Inverno da UFMG, na década de 1980, as pessoas perguntavam: onde vai ser este ano o Festival de Inverno de Ouro Preto? O Festival estava em outra cidade, mas era o Festival de Inverno de Ouro Preto que tinha ido para lá, porque ele estava profundamente enraizado aqui”, relembra o secretário.

Angelo Oswaldo vai mais longe ao contar sobre a origem do Festival de Inverno, que seria a versão acadêmica do Festival de Ouro Preto que ocorreu pela primeira vez em 1955, e, depois, em 1966, no qual houve a montagem da peça ‘A Inconfidência na Praça’, com o ator Paulo Autran, apresentações de orquestras e exposições de arte, trazendo grande movimentação e projeção à cidade. “No ano seguinte, em 1967, o Governo do Estado passou o Festival para a UFMG, que lançou o Festival de Inverno de Ouro Preto da UFMG com uma grande organização acadêmica, uma série de oficinas, cursos de artes de variadas linguagens, que ficavam o mês inteiro em Ouro Preto. A UFMG fez daqui um campus avançado em termos de arte e cultura”, lembra o secretário. À frente da Prefeitura Municipal de Ouro Preto em 1993, o secretário conta que, depois de renegociações com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o Festival volta à cidade com a chancela das duas Universidades e da Prefeitura Municipal. Em seu discurso de abertura do Festival, publicado em matéria da época, Oswaldo falou, “em 79, quando o festival saiu de Ouro Preto, eu era secretário municipal. Naquela época, nada pudemos fazer para segurá-lo aqui, pois os ventos da ditadura e da repressão eram mais fortes do que a nossa vontade política. Hoje, o Brasil mudou, o Festival de Inverno volta, para ficar em um novo tempo, onde a liberdade de expressão não será delimitada por ninguém. E toda esta festa acontecerá dentro de uma Ouro Preto que, mantendo a sua tendência, continua múltipla, centralizadora de cultura e de ideias”, discursou o secretário Angelo Oswaldo, então prefeito de Ouro Preto.

Documentações do Arquivo Público Municipal da cidade mostram que, durante a década de 1990, o Festival de Inverno da UFMG atraía em torno de 40 mil a 50 mil visitantes anualmente para o município. Nesta época, Ouro Preto já havia sido elevada à Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, e o impacto ao Patrimônio era uma preocupação. Matérias da época, também disponíveis no Arquivo Público do município, informam que a rede hoteleira da cidade se beneficiava muito com o evento e, durante o mês de julho, alcançava 100% de ocupação.

Neste segundo momento, as curadorias seguiram a estrutura iniciada em 1967, eram oferecidas oficinas e seminários nas áreas de Arte-Educação, Artes Plásticas, Artes Cênicas, Artes Visuais, Literatura e Música, e, após o título da UNESCO, a inclusão da curadoria de Patrimônio Histórico.

“Nós estamos comemorando os 50 anos do primeiro Festival realizado pela UFMG com esse viés acadêmico das oficinas, dos cursos, das conferências, das manifestações, dos concertos. O Festival de Inverno transformou a cultura de Minas Gerais, marcou diversas gerações ouro-pretanas, incentivou muita gente a atuar no campo da arte e da cultura. Até hoje, nós vamos encontrar nos artistas destas sucessivas gerações algum elemento que os remete ao Festival de Inverno de alguma maneira. O Festival de Inverno foi um dos acontecimentos mais importantes da cultura mineira na segunda metade do século XX”, afirmou o secretário de Estado de Cultura.

A UFOP em 1993 e hoje, em 2017

Para a reitora Cláudia Marliére, relembrar a volta do Festival em 1993 tem uma importância singular, pois, na época, Marliére ocupava o cargo de pró-reitora de Extensão da UFOP. “Fico muito feliz em lembrar os esforços que foram realizados por parte da UFOP para a volta do Festival de Inverno à Ouro Preto. Há 25 anos, eu fiz parte desta história, e volto a fazer agora na celebração dos 50 anos de criação do Festival”, afirma a reitora Marliére.

“Ao mesmo tempo me sinto com a responsabilidade de resgatar a essência dele, que é de promover a formação artística e cultural do seu público, não apenas do público externo, mas do público interno, os moradores das cidades onde a UFOP está presente”, conta a reitora.

Marliére enfatiza que esta versão dos 50 anos apresenta um formato maior que o de anos anteriores, principalmente, com relação ao número de oficinas, “este ano, serão mais de 60 oficinas, e isso mostra o nosso esforço em resgatar este modelo inicial de formação do início do Festival de Inverno”, conclui a reitora.

O Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana 2017 – Fórum das Artes acontece de 08 a 23 de julho, e oferece ao público oficinas, fóruns, exposições e diversas apresentações culturais nas cidades de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade.

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