Possibilidade de reconstrução do Bento traz esperanças a antigos moradores

Mariana,
10 de Março de 2016

Na manhã do sábado (27) ex-moradores de Bento Rodrigues visitaram possível local para reconstrução do subdistrito

Uma comissão formada por ex-moradores de Bento Rodrigues mobilizou os antigos habitantes do subdistrito para conhecerem Lavoura, uma das áreas de preferência para a reconstrução do local, devastado em novembro do ano passado pela lama da barragem rompida na Samarco Mineração. Na ocasião, eles visitaram Bento Rodrigues, muitos deles, pela primeira vez após a tragédia. Alegria, tristeza, angústia, esperança e lágrimas. Muitas lágrimas.

O grupo, de cerca de 200 pessoas, saiu de manhã de Mariana em dois ônibus cedidos pela prefeitura e em alguns carros próprios. A 10 km de mariana, a área atende a alguns requisitos da comissão: não é longe da cidade e tem a paisagem semelhante ao local onde viviam anteriormente. Lavoura fica a cerca de 15 km de Bento Rodrigues.

O terreno, com mais de 100 hectares, poderá abrigar cerca de 200 famílias. Para isso, dependem da aceitação da Samarco, já que a mineradora pode apresentar até três opções de lugar. A empresa dona de Lavoura diz aceitar negociar o local. “Já é uma alegria saber que podemos ter um lugar parecido com o que tínhamos. É uma motivação para seguirmos em frente. Hoje é o dia mais feliz desde que aconteceu a tragédia. Já chorei demais por conhecer esse lugar hoje”, conta Enedina Fernandes Pereira, que morava em Bento Rodrigues havia 28 anos.

O grupo caminhou por cerca de uma hora em meio ao mato e alguns subiram ao ponto mais alto para conseguir visualizar toda a área. A preocupação de José das Graças Caetano, 62, é poder voltar a plantar, como fazia antes. “Morar na cidade é muito ruim, ainda mais morar em apartamento. Na cidade tem que comprar tudo. Eu jogava limão fora e agora tenho que comprar”, diz.

Visita aos destroços

Depois de visitar a Lavoura, os antigos moradores foram a Bento Rodrigues, ao que sobrou do lugar, muito deles pela primeira vez. Ao ter dificuldades de reconhecer o local onde vivia e ver a sua casa totalmente coberta de barro, Edna Aparecida Eusébio, 34, não segurou as lágrimas. “É uma sensação horrível, não tem como explicar bem o sentimento. É uma tristeza, uma angústia muito grande de saber que tudo acabou, mas, por outro lado, uma alegria imensa por estar viva e por Deus ter dado a oportunidade de começarmos tudo de novo”, diz.

Enquanto caminhava por cima do que sobrou de sua casa, Rosemeire Imaculada Claudionor, 44, tentava reconhecer cômodos e objetos. “Eu criei meus filhos aqui. Bento foi onde escolhi viver o resto da minha vida. Um lugar sossegado, tranquilo. Morei por 21 anos aqui. É muito desgosto ver tudo se acabar assim”, lamenta.

Entre as ruínas, houve quem achasse antigos pertences. A ex-moradora Maria Gomes recuperou algumas panelas. Já Gilberto Silva encontrou uma garrafa de cachaça preservada, que era vendida no bar de seu vizinho. Houve quem levasse para casa provisória em Mariana plantas e frutas achadas em meio à destruição.

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