As consequências do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, parecem não ter fim. Passados 10 meses, depois de deixar 17 mortos, centenas de famílias desabrigadas e milhares de desempregados, a tragédia agora atinge cerca de 260 estudantes que ficarão sem escola no próximo ano letivo. A Samarco informou que terá que suspender no final deste ano o contrato de subsídio para manutenção da unidade Cônego Paulo Diláscio do colégio Arquidiocesano na Vila Samarco, distrito Antônio Pereira.
Inconformados com a notícia e com o objetivo de conscientizar a população da importância do colégio, membros do conselho de pais e alunos fizeram uma manifestação na tarde da segunda-feira (26) quando fecharam por duas horas a MG-129, impedindo o acesso às minas da Samarco. “Entendemos que a manutenção do colégio é uma dívida que a Samarco, Vale e BHP têm com nossa cidade e região. Essas empresas lucraram bilhões à custa do nosso trabalho e nosso minério, e a quantia necessária para manter o colégio funcionando nos moldes atuais é mínima frente a esse valor”, explica um dos manifestantes.
A Samarco informa também que, sendo a escola uma instituição privada, cabe exclusivamente à sua direção a decisão quanto ao seu futuro. A Samarco reitera que mantem diálogo constante com o corpo diretivo da escola e com a Arquidiocese de Mariana, à qual a instituição é ligada. Dos 270 alunos, 60 recebem bolsa integral custeada pela Samarco, que cobre a mensalidade de R$ 667, alimentação, uniformes, livros e transporte. Outros 66 alunos são beneficiados com bolsas parciais, que são os filhos de empregados da empresa. Os profissionais do colégio também ficarão sem emprego, 42 professores e 37 funcionários.
A Samarco
Em nota, a Samarco lamentou o encerramento do convênio com o Colégio e disse que a decisão foi tomada devido às condições financeiras da empresa após o rompimento da barragem de Fundão. “A empresa esclarece que, mesmo com as dificuldades financeiras, esse foi o único convênio mantido no ano de 2016, como esforço para não prejudicar o ano letivo”, justifica.
A mineradora destacou ainda, por ser uma instituição privada, cabe exclusivamente à sua direção a decisão quanto ao seu futuro. “A Samarco reitera que mantem diálogo constante com o corpo diretivo da escola e com a Arquidiocese de Mariana, à qual a instituição é ligada”, conclui.
O Colégio
Desde 1999 o Colégio Arquidiocesano atua na Vila Samarco a convite da mineradora. Nos últimos anos o colégio se consolidou como Escola Modelo, sendo reconhecido em toda a região por sua metodologia de ensino e seu trabalho de inclusão, diferencial de todos os colégios da região.
De acordo com a secretaria de Educação, o fechamento parece ser irreversível, e como se trata de uma instituição particular, os alunos serão encaminhados para a rede estadual.