Secretário de Governo é preso (mais uma vez) em Mariana

Mariana,
30 de Setembro de 2016

Desta vez, bens do prefeito Duarte Júnior e de Edvaldo Andrade foram bloqueados

Mais uma fase da Operação Primaz de Minas, que investiga fraude em contratação de transportes na Prefeitura de Mariana, resultou, pela segunda vez, na prisão preventiva do secretário de Governo e Relações Institucionais do Município, Edvaldo Santos de Andrade. A justiça também determinou o bloqueio dos bens do prefeito de Mariana, Duarte Júnior, o Du, e de Edvaldo, no valor de R$ 30 mil, por suspeita de improbidade administrativa. Na tarde da segunda-feira (26) policiais civis estiveram na prefeitura para apreensão de documentos nas secretarias de Governo e Obras.

De acordo com o promotor Guilherme Meneghin, autor da ação, Edvaldo estaria “escondendo provas e forjando documentos”. O secretário de Governo foi preso no dia 8 de setembro, e foi solto no dia seguinte (9), após o desembargador José Mauro Catta Preta considerar descabida a prisão do secretário, já que segundo o desembargador a sua liberdade não oferecia perigo de obstrução. Edvaldo Andrade foi preso na tarde da segunda-feira (26). “Depois que ele foi solto continuou praticando alguns atos ilícitos, tentando esconder provas e forjar documentos, para poder, de alguma forma, evitar que fossem provados os crimes que ele cometeu”, afirmou Meneghin.

As investigações apontam que carros de servidores públicos, da mulher de Edvaldo e até de um tio de Duarte Júnior prestavam serviços para a prefeitura por meio de cooperativas contratadas em 2015 e 2016. O motorista do prefeito, Luiz Carlos Avelino da Silva, a mulher dele, e o guarda municipal Alisson José dos Santos, conhecido como Liu Marmita, foram citados no processo com suspeita de também terem carros contratados pelo município. Os veículos investigados tiveram os serviços suspensos.

A prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Mariana afirmou que desde 2012 realiza a contratação de serviço de transporte operado por cooperativas. O texto ainda garante que a Coopertur, cooperativa que venceu a última licitação, é a única responsável pela prestação dos serviços com veículos dos seus cooperados.

“Acreditar que agentes do governo municipal possam interferir na gestão da cooperativa é desqualificar os seus administradores e colocar em dúvida a própria forma de organização dos cooperados. Todas as suposições e conjecturas levantadas pelo Digno Representante do Ministério Público deverão ser provadas nos autos e serão contestadas por quem de direito, inclusive pelos gerentes e administradores da Cooperativa, a quem cabe responsabilizar por seus atos perante a justiça e os demais cooperados”.

Já sobre o bloqueio dos bens dos agentes públicos, a prefeitura ressaltou que o caso está sendo apurado pelos advogados pessoais dos envolvidos, já que se trata de uma decisão liminar, que ainda não foi analisada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). “A defesa do prefeito e do secretário já interpôs o devido recurso e aguarda a análise do Tribunal”, finaliza a nota.

Primaz de Minas

A Operação Primaz de Minas investiga crimes como dispensa indevida de licitação, afastamento fraudulento de licitante e concussão (quando um cargo público é usado para obter vantagens) na contratação de cooperativas de transporte.

De acordo com informações do MP, Edvaldo rescindiu ilegalmente o contrato com a Coopertur e logo em seguida contratou, também de forma ilegal, a Coopercar. “Edvaldo adotou uma série de manobras ilegais para afastar a Coopertur. Primeiro, eles rescindiram o contrato sem processo administrativo, sem contraditório e ampla defesa. Isso é norma basilar da lei de licitações. É coisa de Câmara Municipal de quinta categoria rescindir contrato sem essas observações”, destacou Meneghin.

A Coopertur conseguiu reaver o contrato na Justiça, dessa forma segundo o Ministério Público, Edvaldo pressionava a cooperativa com uma série de exigências, como troca de empregados de interesse de grupo político.

Compra de votos

Além da suposta fraude em licitação, o MP também investiga a distribuição de materiais de construção em troca de votos para o prefeito Du. A esposa do prefeito, secretária de Desenvolvimento Social, Regiane Maria de Oliveira Gonçalves, e os vereadores João Bosco Cerceau Ibrahim e Geraldo Sales, o Bambu, também são alvos da investigação. Dos 44 mandatos de busca e apreensão, 21 casos de entrega ilegal de material como capitação ilícita de votos foram confirmados.

Tentativa de agressão e hostilização

A reportagem do jornal O LIBERAL esteve na Delegacia de Mariana na noite da segunda-feira (26) para averiguar informações junto as autoridades que estavam no local. No horário, por volta das 18h, quando a repórter se identificou e relatou as informações que necessitava, um senhor de cabelos grisalhos e já de idade se levantou da cadeira e tentou arremessar um copo de vidro que estava em suas mãos, ao mesmo tempo em que expressava palavrões contra a jornalista. De acordo com o atendente da Delegacia, o referido senhor estava muito nervoso com a prisão de Edvaldo, mas não informou quem era ele. Policias que estavam no local tiveram que conter o senhor.

Ao sair da Delegacia, um grupo grande de pessoas que estavam no entorno, ao saber que a repórter queria informações do caso da Primaz de Minas começaram a agredir verbalmente, ofender e hostilizar a repórter.

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