Transtornos e benefícios culturais à comunidade se contrastam no funcionamento do Sagarana

Mariana,
23 de Março de 2012

O Sagarana café-teatro localizado no bairro da Chácara São José, desde o começo dos anos 2000 realiza eventos em seu espaço. De shows de forró a rock’n’roll, ele se mantém com eventos culturais diversificados. Entretanto, alguns moradores da Rua Cônego Armando, onde se localiza a casa, reclamam da maneira como essas atrações interferem em sua rotina.

Carlos Malta, também conhecido como seu Dico, que mora em frente ao Sagarana, reclama de como os eventos atrapalham seu sono: “todo fim de semana tenho que pedir para baixar o som”. Seus familiares, que moram com ele, também são prejudicados: “atrapalha o sono de minha neta, de nove meses”. Além disso, comentou que mais 30 pessoas lhe reclamaram da situação, o que, de certa forma, o incomoda: “problema é que o pessoal não vai reclamar com ela (a gerente da casa) eu é que vou”.

Outra pessoa bastante incomodada é Francisco de Assis, também conhecido como seu Chiquinho, morador da Rua Cônego Armando. Comenta a falta de educação das pessoas quando saem dos shows: “som barulhento de carro para na porta da casa da gente”. E não para por aí: “já presenciei pessoas tendo relações sexuais em frente à minha casa”. Carlos Malta também dispara: “de manhã cedo, a gente encontra na porta garrafas, copos, camisinhas. Várias Vezes”. Todavia, quando ambos foram questionados se teriam interesse no fechamento da casa, foram unânimes: “não”. “Não quero que o Sagarana feche, porque é o ganha pão da Ana”, explica Chiquinho.

Ana Gastelois, coordenadora da casa de shows, não nega os distúrbios que os eventos causam à comunidade ali localizada. Entretanto, coloca que se a casa tem seus problemas, ela está disposta a resolvê-los e a dialogar com as partes que se sentem lesadas. Mas também entende que o Sagarana beneficia Mariana, como um todo. Comenta que isso começa pelas características arquitetônicas do lugar: “é uma casa tropeira: casa ativa. Ela é verbo. É sensível. Tem cheiro. Tem textura. A arquitetura é humanista”. Culturalmente, para ela, a importância da casa é “gigante”. No seu entendimento, foi feita para “cultura, encontro, falar sobre as diferenças”. Numericamente, ela cita que ali foram realizados, somente no ano passado, mais de 140 shows.

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook