Vale encerra trabalhos em Ouro Preto

Ouro Preto,
06 de Maio de 2016

Fechamento vai gerar mais de 90 demissões diretas no município

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Julião e trabalhadores da Vale Manganês fizeram uma manifestação em frente à Câmara e participaram da Tribuna Livre da Casa na terça-feira (3) contra o fechamento da mineradora em Ouro Preto, realizado na quinta-feira (5). O encerramento das atividades vai gerar mais de 90 demissões diretas no município.

De acordo com o sindicato a decisão da mineradora é uma estratégia financeira. “Em fevereiro de 2014, a Vale Manganês desligou os seus fornos de ferro ligas em suas plantas industriais situadas em Ouro Preto e Barbacena. O que nós observamos é que se tratava de uma estratégia financeira especulativa de desvio de atividade fim, pois a atividade fim da Vale Manganês é a produção de Ferro Ligas e não a comercialização de energia elétrica no mercado livre, tal qual pretendia desenvolver a empresa”, afirmou o presidente do sindicato Roberto Wagner.

De acordo com Roberto, com esta estratégia a Vale Manganês passou a comercializar no mercado livre os 77 Mw/h, contratados junto a CEMIG, referentes a sua produção de ferro ligas em suas plantas em Ouro Preto e Barbacena, a um valor mínimo de R$ 822,00 o MW/h. Assim, sem produzir sequer um grama de Ferro Liga, atividade fim da empresa, a Vale Manganês obteve um faturamento de mais de R$ 450 milhões em dez meses.

O sindicato ainda destacou que várias medidas protetivas foram tomadas desde então, tendo como objetivo a continuidade das operações da empresa e a manutenção dos postos de trabalho. “A movimentação da categoria foi tão expressiva que deu resultados imediatos: a empresa continuou as discussões com o Sindicato para alternativas à manutenção do emprego e continuidade das operações, e, nesta negociação, foi acordado pelos trabalhadores, por meio de Acordo Coletivo de Trabalho, que se manteriam mediante abrir mão, mais uma vez, das correções de perdas salariais, somada à aceitação de férias coletivas de trabalho e licenças remuneradas com redução dos salários”, destacou Roberto.

Mesmo com a proposta, em reunião no dia 8 de abril com o sindicato, a Vale anunciou que as fábricas da Vale Manganês S.A. em Ouro Preto, Barbacena e Lafaiete, seriam fechadas. “No atual contexto econômico que vivem os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, entendemos que a região não suportará mais demissões de trabalhadores. Ouro Preto já sofreu os ataques da Novelis, que encerrou suas atividades eliminando mais de 1200 postos de trabalho diretos. A mineração também vem somar ao caos social instalando várias demissões. Agora é a vez da Vale Manganês. Vamos a luta!”, convidou o presidente do sindicato, que informou que no dai 25 de maio haverá uma audiência pública na Assembleia Legislativa, onde será abordado o assunto.

A reportagem do jornal O LIBERAL realizou diversas tentativas de contato com representantes da empresa, mas até o fechamento desta edição nenhuma resposta foi enviada à redação.

Vale encerra trabalhos em Ouro Preto - Foto de Michelle BorgesVale encerra trabalhos em Ouro Preto - Foto de Michelle Borges
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