A “faxina” precisa punir também os corruptores

05 de Agosto de 2011
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

A presidente Dilma parece disposta a punir os corruptos instalados no governo. Mas persiste uma indagação fundamental, que alcança hoje a todos os que acompanham a “faxina” realizada no Ministério dos Transportes e no Dnit: e os corruptores? Na verdade, como todos nós sabemos, no caso das obras rodoferroviárias, os mecanismos de roubo e desvio de dinheiro público passam por uma cumplicidade entre os funcionários públicos ocupantes dos cargos de direção e os empreiteiros, que entram nas licitações com valores elevados e depois distribuem as “sobras”, ou partilham os ganhos exagerados com seus protetores. Não é assim? Não é o que todos sabem, há muitos anos?

Mas o fato é que persiste um absoluto silêncio sobre os corruptores. Sem eles, e sua cumplicidade, não haveria como desviar o dinheiro público. De resto, basta ver as inúmeras denúncias do Tribunal de Contas da União, dos Tribunais Estaduais, da Polícia Federal e várias outras instituições para se constatar que as grandes empreiteiras de obras públicas, estradas, ferrovias, barragens, usinas hidrelétricas, grandes construções civis, são sempre acusadas de orçamentos adulterados, com valores acertados entre elas, mas sempre contando com a cumplicidade dos funcionários públicos, incumbidos de analisar e aprovar os projetos e seus valores. Corruptos e corruptores locupletam-se no roubo.

Assim como já caminhamos para um “cadastro de fichas-sujas” entre os políticos, com a Justiça Eleitoral já afastando da vida pública àqueles condenados, seria fundamental um cadastro na área empresarial. O que não é mais possível é lermos diariamente, em todos os jornais, sucessivas e continuadas denúncias de desvio de dinheiro público, em quantias astronômicas, enriquecendo empresas notoriamente corruptas e políticos também conhecidamente corruptos. Não dá mais. E também não dá mais para se esperar que o Congresso Nacional adote medidas saneadoras da roubalheira nacional, até porque os políticos são os comparsas do crime.

Enquanto puder, mesmo com risco de perder a sustentação parlamentar de que dispõe, a presidente Dilma deve continuar com sua “faxina”, indo além do Ministério dos Transportes. Eliminado o percentual da corrupção, é possível que sobre muito mais dinheiro e que várias obras sejam concluídas. Afinal, a corrupção se transformou no “câncer” nacional, a corroer as entranhas da política e de vários setores do serviço público brasileiro. A questão é tão grave, como também tão fundamental, que a sociedade já deveria ter ido para as ruas apoiar a presidente Dilma nesta cruzada, que diz respeito à honra nacional.

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