A História de Jim

30 de Julho de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

Jim era um rapaz americano, que trabalhava como salva vidas e amava o que fazia. Um dia, viu uma mulher afogando-se. Jogou-se n'água e a trouxe para a praia. Depois a carregou até o posto salva-vidas, onde uma ambulância a levou para o hospital.

Victória ficou muito agradecida e passou a visitá-lo, de vez em quando, no posto. Quando sabia que ele estava trabalhando, mandava-lhe pizza. Jim retribuía com visitas e telefonemas. Os outros rapazes faziam gozação da sua amizade com aquela senhora. Ele não ligava.

Durante anos, mantiveram a amizade. Certo dia, ao ligar para a casa dela, quem atendeu foi uma jovem, que se identificou como Bárbara, e disse ser sua sobrinha. Contou-lhe que Victoria havia morrido, vítima de um derrame. A sobrinha viera de outra cidade para resolver alguns negócios da tia. Ela sabia tudo a respeito dele porque a tia havia lhe contado.

O tempo passou. Uma noite, em uma festa na praia, com amigos, Jim percebeu que as coisas estavam saindo do controle. Bebidas e drogas começaram a circular. Ele decidiu ir embora. Logo depois, uma mulher que ele havia conhecido apenas algumas horas antes, também saiu. Quando ela foi dada como desaparecida e seu vestido esfarrapado foi encontrado ao lado da estrada, ele foi acusado de assassinato. Parecia um pesadelo. Ele mal a conhecia. Era uma acusação maluca. Mas a polícia precisava de um suspeito, e ele era um suspeito.

Um defensor público foi indicado para cuidar do seu caso, porque ele não tinha dinheiro. Foi preso e a fiança estipulada em um valor elevadíssimo. Jim achou que não teria mais saída. Então, recebeu um telefonema. Era Bárbara. Formada em direito, ela ouviu o noticiário a respeito da sua prisão e perguntava se ele aceitaria que ela o defendesse gratuitamente.

Jim aceitou de pronto. Ela começou a se inteirar dos detalhes do caso. A única testemunha ocular que identificou Jim como o homem que saiu da festa com a mulher, descreveu o casal como sendo da mesma altura. Alguma coisa estava muito errada. A suposta morta tinha 1,65m. Jim tinha quase 1,80m.

Graças a esse detalhe, ela conseguiu que a fiança fosse reduzida e Jim pôde ir para casa. Então, a advogada contratou um detetive que, com muito trabalho e algum tempo, descobriu que a suposta vítima estava viva e morando em um país vizinho. Ela decidira sair de casa e abandonar o marido para começar uma nova vida, com outra pessoa, e como o marido era uma pessoa perigosa, arquitetou esse plano.

Depois de muita insistência, e meses de trabalho, a advogada e o detetive conseguiram que a mulher retornasse e se mostrasse à polícia, provando que estava viva.

Jim ficou livre da acusação. Hoje, ele vive com sua mulher e três filhos. Tem uma fazenda e dirige sua própria fábrica. Mas nunca vai esquecer aquela amizade especial com Victoria. Ele diz: “se aquela doce senhora não falasse de mim para sua sobrinha como o fez, é bem possível que eu estivesse apodrecendo na prisão, pelo resto da minha vida. Devo minha vida àquela mulher”.

No entanto, Bárbara tem uma versão diferente: “ele merecia minha ajuda. Ele salvou a vida de alguém que nem conhecia. Esse tipo de amor pela humanidade não fica sem recompensa”.

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