A lenda da piripirioca

02 de Junho de 2017
Valdete Braga

Valdete Braga

Conta a lenda que a tribo Manau, conhecida pela beleza de suas mulheres, vivia em um lugar muito bonito da floresta amazônica. Um dia, um índio estranho estava pescando no lago próximo à tribo. Quando o bando de cunhãs da tribo Manau o avistou, elas se aproximaram para tentar conhecê-lo melhor. Uma delas falou:

  • De que terra vens, ó moço bonito? Tu és lindo feito a manhã.

O moço não as olhou, mas uma das índias botou a mão no ombro dele. Mal a mão tocou o moço, ficou toda perfumada. As cunhãs ficaram maravilhadas. - Moço, conta para nós qual é o teu segredo. Se não contares, o levaremos preso para nossa taba.

Ele então gritou “meu nome é Piripari!” e pulou rapidamente no rio. As moças pediam para ele não ir embora, mas ele desapareceu no rio, deixando no ar um perfume embriagador.

Elas esperaram por muito tempo que ele voltasse. Sentaram-se na praia, maravilhadas com aquele perfume, e esperaram longamente pelo moço. Apaixonadas, elas chamaram um feiticeiro, de nome Supi. Querendo ajudar as moças, ele disse:

  • Se o cabelo de vocês tocar Piripari, ele ficará preso. Quando a lua cheia vier, vão até a praia onde ele costuma estar e cada uma leve na mão um fio de cabelo para amarrá-lo.

No dia marcado, as cunhãs foram para o rio. Assim que Piripari apareceu, elas se aproximaram e o amarraram com os seus cabelos. Enquanto elas o amarravam ele olhava para o céu e cantava uma linda cantiga, mas ele não se mexia. Elas então queixaram-se a Supi:

  • Nós o prendemos, mas ele nem se deu conta.

O feiticeiro tranqüilizou-as:

  • Enquanto ele está cantando, a alma dele passeia pelo céu, entre as estrelas. Não toquem no corpo dele, do contrário ele desperta e a alma ficará no céu. Esperem que ele desperte naturalmente.

No entanto, Piripari demorava a acordar. As cunhãs começaram a perder a paciência, e uma delas tocou seu rosto, tentando despertá-lo.

Neste momento, Piripari se calou e a lua tornou-se escura. Soprou forte um vento frio e as cunhãs caíram em sono profundo. Quando elas acordaram, no mesmo local onde haviam deixado o corpo de Piripari, estava uma pequena planta, uma plantinha apenas, mas de um perfume encantador.

Neste instante, Supi se aproximou:

  • Ouçam, cunhãs Manau. Quem quiser cheiro de encanto, use no banho esta planta que desde hoje passará a se chamar piripirioca, a planta que nasceu de Piripari.

Nunca mais Piripari foi visto à beira do rio ou cantando uma cantiga. Dizem que até hoje as caboclas da Amazônia usam a planta cheirosa para conquistar outros moços.

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