Conta a lenda que havia dois vizinhos muito amigos. Um deles comprou um coelho para os filhos. O outro tinha um filhote de pastor alemão. O amigo ponderou: “seu cão vai comer o meu coelho!”.
E assim aconteceu. Os animais cresceram e se tornaram amigos, sempre brincando juntos.
Um dia o dono do coelho foi viajar no fim de semana com a família.
No domingo, à tarde, o dono do cachorro e a família faziam seu lanche quando, de repente, entra o pastor alemão com o coelho entre os dentes, todo sujo de terra e morto. O cão levou uma tremenda surra! Quase o mataram, de tanto agredi-lo.
Disse o homem: “o vizinho estava certo. Só podia dar nisso!”.
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?
Todos se olhavam. O cachorro, pobrezinho, chorando lá fora, lambendo as feridas.
Foi quando tiveram a idéia: “vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, e o colocamos na sua casinha. Quando chegarem, vão pensar que ele morreu lá”.
Quando os vizinhos chegaram, ouviram gritos.
Não passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
O que foi? Que cara é essa?
O coelho, o coelho...
O que tem o coelho?
Morreu na sexta feira, antes de viajarmos. As crianças o enterraram no fundo do quintal e agora ele reapareceu.
O grande personagem desta história, sem dúvida alguma, é o cachorro. Imaginemos o coitado, desde sexta-feira procurando em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, o descobre, morto e enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando que o pudessem ressuscitar.Em lugar disto, leva uma surra, sem entender porque. Essa lenda demonstra, além da maldade do ser humano, como ele é capaz de julgar e condenar, sem apurar os fatos.