A política e a educação

17 de Dezembro de 2015
João de Carvalho

João de Carvalho

SÃO BERNARDO, com admirável coerência de vida, dizia: “Toda honra para Deus, todo proveito para o próximo, todo trabalho para mim”. Sua vocação seria também para professor? Talvez! O professor ou vive de sonho, ou vive de esperança, ou sobrevive de teimosia. É a única profissão que faz um semelhante.

Todas as autoridades governamentais dão extrema ênfase ao problema educacional. Chega-se ao ponto de um ex-Presidente entrar numa sala de aula, dar uma aula que ninguém entendeu, apenas em sentido promocional, e sair falando para os quatro cantos do país que é preciso “qualidade” no ensino. Já dizia Ambrose Bierce, escritor americano, falecido em 1994, que “A erudição é a poeira caída de um livro sobre um crânio vazio”. Nessas farsas promocionais não se sabe quem é a “poeira” ou quem é o “crânio” vazio. Mas, na verdade, alguma coisa está errada.

POR QUE SERÁ que há tanta decepção no ensino, sabendo-se que é meta de todos os governos? Na realidade nenhum país entra na esfera do primeiro mundo, se não passar pela porta da escola, como muito bem conceitua a UNICEF. As Constituições Federal, Estadual e Municipal, desfazem-se em artigos de superlouvação aos sistemas educacionais.

Os políticos quase se afogam, nos palanques, quando falam de educação. “A essência do direito”, dizia Von Ihéring, “é sua realização na prática!. Não adianta cantar, declamar e proclamar que o professorado é uma missão, que o professor é um mártir, que “lecionar” é servir. Ninguém vive de sonhos, hoje. É preciso tocar na realidade que é o salário! Bons salários geram bons profissionais! Incentivam a procura do mercado. A essência da educação é sua realidade na prática.

As Escolas Normais estavam fechando as portas por falta de alunos. E, isto manifesta o desinteresse dos alunos para a profissão. A realidade do ensino de hoje é a defasagem salarial. As queixas sobre vencimentos, sobre remuneração são contínuas, são maciças, são gerais, são ruidosas, são até massificadas. Ninguém está contente com o valor salário-aula. As reivindicações são veementes, enfáticas, chegando-se à prisão de líderes educacionais. O fundo do descontentamento geral é a má remuneração.

O futuro da escola não é aliciador,. A profissão professor não está atraindo a juventude. Qualquer outra profissão, menos importante, rende mais. O que o professor recebe dá apenas para sobreviver, viver não! Viver é ter conforto e o professor não pode ter. O professor para viver com dignidade tem de ter duas profissões. Ah! Como dói esta afirmação de Hans Aebli: “A essência da educação é o amor”. É muito teórico!

EM SUMA, ao professor resta a sentença de Virgílio - se não houver salário de acordo com sua profissão - que é: “Apenas sua honra, seu nome e seu louvor hão de sempre perdurar”.

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