A reação do DEM à corrupção de Demóstenes e outras considerações

11 de Abril de 2012
Jornal O Liberal

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Por Paulo Felipe Noronha

Não é surpresa nenhuma descobrir que Demóstenes Torres, o senador garoto propaganda do DEM, é apenas mais um no balaio de gato da política brasileira. Seus discursos outrora inflamados, onde se colocava como bastião da moralidade, demonstram o nível de podridão na política nacional, onde nada pode ser tomado como verdade, mesmo que soe como tal. Aliás, é mais fácil reagir com desdém tanto mais inflamado é o discurso de críticas a outrem.

Na verdade, a única crítica que costumo dizer que vale algo, é aquela dirigida a si mesmo. Não me refiro à auto-imolação, mas sim a uma crítica genuína acompanhada de atitudes, onde o alvo da melhora seja o próprio sujeito que tece a crítica. Afinal, num mundo onde a imagem é tão importante para a manutenção do poder, o sujeito que se entrega ao escrutínio alheio de peito aberto, se torna merecedor de algum consideração.

Não foi exatamente isso que a direção do DEM fez, ao escrachar Demóstenes em rede nacional na maior emissora do país. Mas foi quase. Normalmente, veríamos levantados princípio como a “presunção de inocência” e outras baboseiras do tipo, já que num país onde impera a inversão valores, isso não vale muito. Infelizmente no Brasil, todos são culpados até que se prove inocente. E aqui, o problema é bem horizontal, pois do pobre ao rico, a grande maioria revela oportunismo em algum momento da vida. Jesus haveria de perguntar não “quem não tinha pecado”, mas sim, “quem peca menos” para fazer jus à doença moral que nos assola, onde o padrão de mercado é levar alguma vantagem.

Assim, pelo menos na aparência, a atitude correta foi tomada. Demóstenes foi tratado, na esfera pública, sem corporativismo aparente. E se tiver vergonha na cara, renuncia. Um exemplo dado pelo DEM ao nosso ex-presidente Lula, que resolveu tratar a todos como mãe, até mesmo aos filhos mais inglórios. Fica aí o exemplo para a esquerda do mensalão e dos acordões, privatização é um crime (ideológico ou de fato) muito menor que a conivência com a corrupção. Felizmente, parece que nesse aspecto, Dilma tem mais envergadura do que Lula teve.

Mas quem se importa com o combate à corrupção quando todos estão levando alguma vantagem não é? A graça só acaba e a revolta só aparece quando alguém perde sua boquinha. Aí, o peito inflama e o sentimento de clamar por justiça irrompe, ou, nas palavras de um popular revoltado numa reunião de Câmara que acompanhei essa semana, “o problema é que o poder não está na nossa mão!”. Eu só digo o seguinte, o problema não é a falta de poder na mão de x ou de y. O problema, é que o poder sem responsabilidade redunda apenas em mais injustiça. E numa nação de espertinhos, reclamar justiça é hipocrisia.

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