É hora de a sucessão em Ouro Preto ter propostas

16 de Abril de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Podemos esperar que a política sucessória em Ouro Preto produza debates que reflitam as inúmeras questões que afligem a vida desta tricentenária cidade? Ou que os candidatos, já colocados e em plena movimentação, vão apresentar propostas ou, pelo menos, nos seus contatos, começaram a apresentar idéias, projetos, diretrizes mínimas que possam propiciar ao eleitor a diferenciação entre eles? Esta é a indagação básica, e fundamental, neste momento em que, passados o Carnaval e a Semana Santa, é hora de a eleição deste ano evoluir para um debate altamente necessário, sem o que permanecerá restrita às ambições pessoais e não na salutar disputa em torno de idéias ou ideologias.

A movimentação política permite, no entanto, algumas informações. O candidato Júlio Pimenta, vereador do PPS, o mais organizado, obstinado, dedica-se integralmente à busca de apoios e votos e aparece nas pesquisas, ainda muito prematuras, com uma liderança que vai se mantendo, enquanto o quadro não se define integralmente. O candidato José Leandro, do PSDB, com eleitorado antigo e firme, também mantém-se na primeira linha das pesquisas e movimenta-se, no seu estilo mais discreto. Nega que tenha qualquer dificuldade com a legislação eleitoral, conversa com o Palácio da Liberdade, que se manifesta interessado em eleger o prefeito de Ouro Preto em razão do simbolismo histórico, cultural e cívico da cidade. Se a eleição não se polarizar, ou seja, tiver mais de três candidatos, tem grande chance de vitória em razão da fidelidade antiga de seu eleitorado.

O médico Dr. Dimas, do PR, vice-prefeito atual, com prestígio decorrente mais da sua clínica, sempre generoso e atencioso, reafirma sempre que é candidato, mas não estrutura sua campanha. E permanece ao lado do prefeito Angelo Oswaldo, do PMDB, que dá sinais que poderá dividir seu apoio e seu prestígio entre os candidatos Júlio e Dimas, ambos amigos e confiáveis quanto à sua gestão e sua defesa e continuidade. Dimas e Júlio, presentes em todos os atos da Prefeitura, concorrem ao prestígio remanescente de Angelo Oswaldo, cuja gestão, nestes últimos meses, mostra novo impulso em razão da elevação da arrecadação municipal, que já alcança os R$ 20 milhões mensais e tem permitido várias ações e várias obras públicas.

A ex-prefeita Marisa Xavier, do PP, entrou em campo e conversa muito, não escondendo sua vontade de candidatar-se novamente. Atualizou sua postura e suas colocações, fala nos interesses maiores de Ouro Preto, prega o diálogo e a união, não faz críticas a qualquer candidato, diz reconhecer a liderança do prefeito Angelo Oswaldo. Mantém diálogo com o vice-governador Alberto Pinto Coelho, do PP, que a estimula. O PT, dividido, realizará prévias no dia 5 de maio para escolha do seu candidato, entre o engenheiro e advogado Hérzio Mansur e o jovem advogado Guido. Como é do seu estilo, o PT discute muito, realiza muitas reuniões, mas há ala que defende não ter candidato.

As três reuniões realizadas a convite do PMDB, presidido por Jaime Fortes, contando com perto de 12 partidos, representam o único fato político de maior avanço. Mas precisa evoluir para que não permaneçam como meras reuniões expressivas pela presença de partidos, mas sem conseguir estruturar um programa, o que lhe conferiria identidade ideológica e maior densidade eleitoral, atributos de que tanto a política ouropretana precisa. O deputado Saraiva Felipe, do PMDB, ouropretano, declarou-se pré-candidato, mas não se acredita que deixe sua posição confortável em Brasília. O movimento ficou de organizar uma coordenação e já conta com um documento preliminar com diretrizes para um programa de maior alcance, o que poderia dar maior conteúdo programático à eleição municipal.

Outros nomes concorrem: o ex-vereador e ex-secretário municipal Gleiser Boroni reafirma sua candidatura e trabalha na busca de apoio, participando do movimento denominado “Cara Nova”. Confia em que poderá repetir a boa votação que conseguiu para deputado estadual. É candidato também o engenheiro Eduardo Evangelista, do PRB, prefeito do campus da UFOP, sem dúvida uma nova liderança, capaz de atrair seguimentos novos do eleitorado. O radialista Antônio Carlos também lança seu nome, apoiado em sua reputação radiofônica. Em meio a este quadro, a política ouropretana reflete a política brasileira: partidos em excesso, sem ideologia, em sua maioria instrumentos para aspirações pessoais, sem despertar maiores motivações junto ao eleitorado, incapaz de conduzir discussão elevada e de refletir as aspirações populares, infelizmente.

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