A sabedoria que vem dos caminhoneiros

15 de Setembro de 2013
João de Carvalho

João de Carvalho

UM GRANDE escritor alemão, Goethe, escreveu que “Neste mundo há muitas palavras e poucos ecos”. A sabedoria popular é de uma riqueza admirável. Haja à vista os provérbios produzidos pela boca do povo, no seu dia a dia. O mais interessante é que esses pensamentos populares têm eco em qualquer setor da vida social. São espirituosos e bem alinhados com a realidade social. É a filosofia da vida manifestada em provérbios e frases de grande efeito. Observem estas mensagens nas traseiras dos caminhões que rodam em nossas estradas:

– Se for para morrer de batida, que seja de limão.

– Beleza é isca, casamento é anzol e homem é peixe.

– Pente só descansa na cabeça de careca.

– Saudade não tem braços, mas aperta.

– Homem é igual pneu: furou, troca.

– Elas têm bebês; eles têm babás.

– O homem só dirige a mulher, quando está dançando.

– Marido de mulher feia tem raiva de feriado.

– Mulher esbelta é sereia; mulher gorda é baleia.

– Mulher sem ciúme é uma rosa sem perfume.

– Mulher é igual a música; depois que fica velha, ninguém canta.

– Quem gosta de mulher feia é salão de beleza.

– Mulher é uma toalha: quanto mais enxuta, melhor.

– Não morra de raiva: vacine sua sogra.

– Tristeza é ter uma sogra com o nome de esperança.

– Adoro a sogra... da minha mulher.

– Minha sogra caiu do céu: a vassoura dela quebrou.

– Pior do que coice de burro só praga de sogra.

– Carro velho é como asma: melhora, mas não fica bom.

– Nem tudo que reluz é loira.

– Não tem cavalo na pista, mas burro no volante.

– Sou feio, mas sou carinhoso.

– Deus dá o juízo, mas a pinga o tira.

– Só o amor constrói; o Ricardão destrói.

– Quem nasce para tatu, morre cavando.

– Ser canhoto é fácil, difícil é ser direito.

O SENTIDO, que imprimimos nestas situações gozadoras da vida diária, retrata o dia a dia sofrido do caminhoneiro e o contraste maravilhoso com seu espírito crítico de maneira leve, graciosa, alegre e altamente filosófica. São verdadeiros amigos da sabedoria. Ora ensinam, ora corrigem. Sobretudo despertam o senso crítico e gozador de todos nós, meros leitores de sua literatura cheia de malícia e gozação. O humor sadio é um momento muito bom e aprazível.

Vivemos num mundo carcomido pelo crime, pela corrupção, pela atuação dos espertalhões, pelos desentendimentos e pelo ódio. Apelar pela juventude de bom senso, de entusiasmo e de grande capacidade de aprendizagem, é muito importante. O mundo, com todos os seus problemas tem correção, desde que os jovens se empenhem em mudar essas estruturas arcaicas, mal construídas e implantar sementes de dignidade, responsabilidade, respeito ao bem público, sem medo de agir dentro da lei e do amor. Amar é respeitar.

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