Adeus Itamar

06 de Julho de 2011
Jornal O Liberal

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Carlos Vilhena - Diretor do Museu das Reduções

A morte de Itamar representa muito mais do que se tem dito por aí. Na verdade, representa o fim de uma era. De uma safra de homens públicos que chegaram ao poder pelos seus próprios méritos, buscando, sempre, condições de servir à coletividade e não de se servir dela. Sua própria história ratifica isso. Presidente de diretório acadêmico, vereador, prefeito, senador, vice-presidente da república, presidente da república, governador, embaixador, etc... e nenhum caso conhecido de locupletação, de enriquecimento ilícito, de irregularidades administrativas. Trabalho imaculado. Talvez sua grande falha tenha sido a sua simplicidade e a sua aversão ao estrelismo: tentou freqüentar sessões de cinema com sua namorada, foi exposto naquele malfadado desfile de escola de samba, no Rio, tentou oferecer ao povo a chance de ter um carrinho, com a volta do fusca... tudo isso maldosamente explorado por uma mídia voltada para o sensacionalismo das aventuras de Collor, nas lanchas, nos jet skys e nos caças da FAB.

O Brasil precisava de simplicidade na sua condução e foi isso que Itamar fez. E fez muito mais, garantindo a transição democrática após o duro golpe do impeachment de Collor e patrocinando o fim da ciranda financeira e da inflação, ao autorizar o Plano Real, até então uma incógnita que poderia - ou não - dar certo. Fez o seu sucessor, FHC... e a partir daí, o que se viu foi só ingratidão. No governo de Minas, apesar de tudo, lutou pelas suas convicções nacionalistas, ao se colocar, peremptoriamente, contrário à privatização de Furnas, desafiando e vencendo o governo federal, e ao reverter o processo de venda da CEMIG.

Meu conterrâneo, de família vizinha de rua e velha conhecida, granberyense, como eu (estudamos no Instituto Granbery, em JF, claro, em épocas diferentes), Itamar era o Presidente quando inauguramos o Museu das Reduções, em 26/03/1994, e dele recebemos carinhosa, grande e íntima mensagem de otimismo e desejos de sucesso, que guardo com muito carinho.

Agora, nos resta esperar pelos reconhecimentos e pelas grandes homenagens póstumas que, por certo, virão tardiamente, à este grande estadista mineiro, que tanta falta nos fará.

Descanse em paz, grande guerreiro.

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