Ouro Preto: a sucessão municipal já em debate

30 de Junho de 2011
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

A história política contemporânea de Ouro Preto está no limiar de um novo tempo. Trinta anos depois de uma dualidade, que se alternou no poder nestas últimas três décadas, a velha cidade já não mais verá, na disputa eleitoral para a Prefeitura, em 2012, de um lado Angelo Oswaldo e de outro José Leandro. O primeiro, já no segundo mandato sequencial, não pode candidatar-se. O segundo, ao que parece, embora a Justiça Eleitoral sempre traga surpresas, estaria impedido pela legislação da “ficha limpa”. Neste contexto, o que é possível esperar que seja realmente inovador na política ouropretana, aproveitando o que o passado recente alcançou mas incorporando as transformações que a evolução brasileira propicia? Este é o debate que a disputa, antecipada, deveria já iniciar.

Até agora, dois nomes confirmam candidaturas: o vereador Júlio Pimenta e o atual vice-prefeito e médico Dr. Dimas, ambos alinhados, no momento, embora recentes, na corrente de Angelo Oswaldo. Na outra corrente, não há nomes colocados até porque é recente a questão da ficha-limpa, que tirou José Leandro e Marisa Xavier de cargos de confiança no Governo do Estado. E, a prevalecer o que está posto até agora, a legislação impedirá, doravante, suas candidaturas a cargos eletivos. Resta esperar que nomes poderão apresentar partidos mais à esquerda, como o PT ou o PCdoB, ou o centrista PV, o hoje conservador PSDB. Ou o PSB, em crescimento em todo o País. E mesmo o PMDB, do prefeito. Os partidos são frágeis em Ouro Preto e têm estado em coligações que, no horizonte atual, não têm qualquer nome de destaque para uma eventual candidatura à Prefeitura.

É certo que no próximo mandato Ouro Preto terá uma das maiores receitas públicas de Minas, que hoje já se aproxima dos R$ 20 milhões mensais. O royalty da mineração passará de 2% para 4% e será calculado sobre a receita bruta das empresas. A mineração, pelos investimentos previstos na região, dobrará suas atividades. E a Prefeitura vem aprimorando sua fiscalização tributária. É possível que a arrecadação mensal chegue a R$ 40 milhões. E, como sabemos, só não tem mais recursos federais porque não tem projetos, como é o caso do PAC das Cidades Históricas. Mas, por outro lado, é imensa, e crescente, a demanda de recursos para a saúde, a educação, as intervenções urbanas e muito mais. O importante, sobre tudo isto, é que a Prefeitura de Ouro Preto precisa avançar mais em planejamento geral e especialmente de obras e gastos prioritários.

Qual o principal legado de Angelo Oswaldo? Conseguiu preservar Ouro Preto e formou, em grande parte, a reputação internacional que hoje desfruta. Mas que, por outro lado, não explora como poderia esta fama, com o incremento dos fluxos turísticos, principal vocação econômica da cidade. Muito se avançou, nos eventos, na qualidade da cadeia econômica do turismo, na conservação de monumentos. Mas a atividade ainda é sazonal e precária em vários segmentos. Angelo, intelectual de largo espectro, inigualável conhecedor da cidade e distritos, sua história, sua formação e dos seus problemas, é admirável embaixador e propagador de Ouro Preto. Três vezes prefeito, dificilmente será substituído com a plenitude de sua capacidade humanística. Aos seus correligionários deixa muitos exemplos de elevação da cidadania e da conduta pública.

Um aprofundamento do debate sobre Ouro Preto, na atualidade e nas perspectivas futuras, seria oportuno senão muito desejável. Partidos e candidatos já colocados, ou os que se preparam, mesmo para vereadores, já poderiam suscitar estas reflexões. Afinal, para efetivamente fazer com que Ouro Preto viva um novo tempo é preciso começar desde já a pensar e planejar. E esta seria também uma missão para o prefeito Angelo Oswaldo, com a experiência que adquiriu e as condições gerenciais que possui. Seria até uma tarefa para a UFOP, hoje principal usuária de Ouro Preto e a quem muito deve. E que também tem seu futuro ligado ao da velha cidade.

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