Aeroporto de Glaura tem novas promessas

17 de Janeiro de 2015
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

O novo ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, anunciou que a implantação de novos aeroportos, como parte de um amplo programa de desenvolvimento da aviação civil, é o seu projeto principal para 2015 e anos próximos. E revela que conta com recursos no montante de R$ 4,2 bilhões só este ano, do Fundo Nacional de Aviação Civil, grande parte deste dinheiro proveniente da própria aviação brasileira, arrecadado pela Infraero. O programa prevê a construção de 270 novos aeroportos regionais, entre eles o de Ouro Preto. Salienta o ministro que esta é uma meta já prometida pela Presidente da República e que grande parte destes novos aeroportos já tem projetos, entre eles o de Ouro Preto, acrescendo que a expansão da aviação regional, em um país das dimensões do Brasil, é fator fundamental para o desenvolvimento. Durante a Copa do Mundo, a demanda pela aviação regional, acrescente-se, ficou muito clara.

Como se vê, é mais uma promessa em torno da construção do aeroporto regional de Ouro Preto, até agora previsto para o Distrito de Glaura e que já conta com terreno desapropriado e projeto básico, inclusive estudo de impacto ambiental, realizados originariamente pelo Proaero, programa criado pelo Governo do Estado há oito anos e que contratou os estudos iniciais. A pista inicial, de 800 metros, deverá ser ampliada para 1.200, proposta do prefeito José Leandro já levada à Agência Nacional de Aviação Civil, o que certamente exigirá novos estudos de locação territorial, ou mesmo de impacto ambiental, além de atingir, segundo a planta já divulgada, parte da estrada asfaltada que liga Cachoeira do Campo a Glaura. Com a pista menor, o aeroporto serviria a aeronaves de até 60 passageiros.

É certo que a Região dos Inconfidentes é turística e internacionalmente conhecida. E precisa receber um aeroporto que possa ampliar a mobilidade e o acesso, dois componentes essenciais da potencialidade turística de qualquer destino turístico. De outro lado, um olhar para o futuro do Brasil e da Região, com viés turístico e cultural, como também econômico, mostra que o país precisa ir se preparando para vencer a questão da infraestrutura de acesso a fluxos turísticos e que a aviação surge, no horizonte de todos cenários futurísticos, como o grande meio de transporte do novo mundo. O Brasil desde 2003 recebe apenas seis milhões de turistas estrangeiros e o grande gargalo é exatamente a oferta da aviação internacional. E o turismo interno tem na aviação sua maior dificuldade. Esta estatística é ridícula para um país com dimensões continentais e uma grande diversidade cultural e natural como o Brasil, com muitos atrativos e produtos turísticos.

O Aeroporto de Confins, com seu novo conceito de aerotrópolis, e com as obras que vem recebendo desde a Copa do Mundo, está pulando de 10,5 milhões de passageiros/ano para 16 milhões até 2018. E chegará a 20 milhões segundo estimativas da nova administradora, que ganhou Confins em licitação internacional. Confins se transforma num grande aeroporto internacional brasileiro nos próximos anos, com pelo menos mais oito grandes voos diretos internacionais. E a região turística dos Inconfidentes precisa se preparar para receber parte destes visitantes. O aeroporto servirá também a empresas da região, especialmente Vale e Gerdau, mas também ao voo de helicópteros, sobretudo os usados hoje em ocasiões especiais, festas, comemorações, datas cívicas. A falta de um local de pouso tem criado problemas para este uso.

Confins está a quase três horas de Ouro Preto. E o Aeroporto da Pampulha, hoje reduzido nos seus voos, apenas regionais ou particulares, está a duas horas. A notícia é boa para a região, mas é preciso que as Prefeituras, e não só a de Ouro Preto, mas também as de Mariana e Itabirito, estudem melhor a utilização deste aeroporto, com a aviação local, a regional e as conversas com as linhas aéreas e agências públicas e privadas de turismo. O tempo é de recursos escassos, mas é preciso, desde já, pelo menos planejar a infraestrutura local, sobretudo o acesso, que não é fácil. Há um pré-estudo de uma nova estrada de acesso, a partir da BR-356. É preciso lembrar também que está previsto um grande loteamento nos terrenos em frente à área do futuro aeroporto. Existe ainda a conversa de que ele poderia ser retirado de Glaura, embora seja difícil conseguir área com condições adequadas em toda a região. É fundamental, enfim, que seja demonstrada a viabilidade do aeroporto, quanto à oferta de voos, passageiros e demais serviços locais.

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