Ajudem, por favor

05 de Maio de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

A minha mãe partiu há 3 anos, e parece que foi ontem. Estava idosa, mas saudável e independente. Às vezes a gente até brigava por causa desta independência, que a tornava teimosa e insistindo em coisas impossíveis, como subir em cadeiras, ir sozinha para o quintal cheio de declives, etc.

Por mais que ainda doa, sempre agradeço a Deus pela forma abençoada como ela partiu. Foram 3 dias entre o momento em que chamou-me no quarto, a internação e sua partida.

Fiquei com ela os 3 dias no hospital. Eu sabia deste o primeiro dia que era o final da jornada dela, e nunca pedi que ficasse. Só rezava e pedia a Deus que sua partida fosse como foi. Em sua hora, aos 82 anos muito bem vividos, e, o medo que todos nós temos, que ela não sofresse, não ficasse dependente, coisa que não consigo nem imaginar, pelo temperamento dela.

Durante estes 3 dias, a minha mãe, pela primeira vez, precisou usar fraldas geriátricas. O derrame deixou-a paralisada e não havia outra solução. Lembro-me até hoje e nunca vou me esquecer do constrangimento dela, ainda que incapacitada em uma cama de hospital. “Não consigo fazer xixi assim”, ela me dizia, com dificuldade em falar, devido à doença. Eu me fazia de forte, dizendo a ela que era natural, mas me sentia apavorada ante a possibilidade dela ficar assim. Ninguém quer que a mãe morra, mas, como é inevitável, todas deveriam partir como a minha, sem dores ou sofrimento.

Hoje participo, junto com grande parte da população ouropretana, da campanha de doação de fraldas geriátricas para o Lar São Vicente de Paula. Com muita tristeza, fiquei sabendo hoje, dia 22 de maio de 2013, que o estoque está zerado. Não consigo sequer imaginar isto. Por favor, vamos ajudar. Falo por experiência própria. Eu vi a minha mãe bem atendida, com enfermeiras trocando-a sempre que precisava, por 3 dias, nesta situação. Não entra em minha cabeça que pessoas passem por isto por dias, semanas, sei lá quanto tempo. Por favor, amigos, participem desta campanha. Mas, acima de tudo, PELO AMOR DE DEUS, autoridades competentes (desculpem a minha ignorância, mas não sei exatamente a que órgão me dirigir), mas eu peço, façam alguma coisa de concreto. Doações não duram para sempre. O poder público consegue dinheiro para tanta coisa... impossível não haver como manter o estoque para estes idosos.

A minha mãe foi abençoada, partiu amparada pelos filhos e o mais confortável que a situação permitia, situação esta que durou 3 dias, e ainda assim, é horrível. Senhores e senhoras autoridades, quem for responsável ou puder fazer algo, imaginem uma situação destas permanentemente. Pensem. Avaliem. E se fosse a mãe ou o pai de um dos senhores? Repito, não sei a quem ou a que órgão me dirigir especificamente, mas deixo generalizado aqui um apelo a quem de direito. Acredito na bondade do coração humano. Acredito na sensibilidade do homem acima do político. Por favor, provem que não estou errada. Por favor, ajudem. Quem vai recompensá-los por isto é Deus.

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