As muitas incertezas e ocorrências de 2014

22 de Fevereiro de 2014
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Mauro Werkema

O ano de 2014 e seus acontecimentos e incertezas é o tema recorrente de qualquer conversa. E com grande preocupação. É dominante a previsão de que o período da Copa do Mundo, de 13 de junho a 13 de julho, quando ocorrerão os jogos, em Belo Horizonte e mais 11 capitais, será de grandes agitações. É o momento oportuno para os protestos, com a mídia internacional no Brasil e há, por incrível que possa parecer, grande número de pessoas contra a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, alegando gastos excessivos e os ganhos extraordinários da Fifa. Na verdade, e esta é a questão maior, a Copa expõe o Brasil aos olhos do mundo, com cerca de 2.500 jornalistas cobrindo os jogos e, naturalmente, as ocorrências que têm relação com o País e sua situação política e socioeconômica. E a julgar pelo que já vem ocorrendo no Rio e São Paulo, onde as manifestações já começaram, teremos muitos conflitos por todo o País.

O que o Brasil ganha? Além da projeção internacional, com mais de um bilhão de pessoas assistindo aos jogos em todo o mundo, ficam os estádios, alguns ainda em construção, que gastaram milhões. A comparação destes gastos com a necessidade de investimento em saúde e educação é feita, mas é preciso lembrar que esta é uma visão um pouco distorcida, pois são equipamentos que ficam. Em Belo Horizonte, o Mineirão deixou de ser unicamente campo de futebol para tornar-se uma arena de eventos. E muito cara para os torcedores mais pobres. Mas a Copa ativará outros investimentos e gastos, movimentando o turismo, a hotelaria, o comércio e toda uma cadeia econômica. A discussão, portanto, tem dois lados e precisa ser vista globalmente, embora a Fifa, como todos sabemos, ganhe muito dinheiro. Mas, a verdade, é que todos os países desejariam sediar uma Copa do Mundo de Futebol, ou uma olimpíada. Basta ver o esforço feito pela Rússia, no momento, na realização dos jogos de inverno. Enfim, estes grandes eventos tornaram-se marketing político e econômico.

Em 2014 teremos também eleições para presidente da República, governadores e parlamentares. Por tudo que tem acontecido no País, que classificamos como as dores da democracia participativa, que só se conquista com muitas lutas e conflitos, como mostra a História Universal, como também pelo quadro eleitoral que se descortina, teremos ainda muitos debates. Dilma é favorita, mas contra ela se levanta a imprensa conservadora e as elites do País, se aproveitando dos erros do PT, que são muitos. O Brasil vive hoje uma bipolaridade, de um lado o pessimismo de muitos conservadores, mídia, empresários, e de outro, a realidade social, em que a taxa de desemprego é a menor de todos os tempos e todos os setores mostram crescimento, embora em ritmo menor do que já tivemos, em grande parte devido à crise internacional que levou vários países a situações bem piores.

Se o PT, ainda com alguma penetração popular, enfrenta muitas reações, imaginem o PSDB, com a proposta conservadora de Aécio Neves, com grande talento político mas sem ideias mais avançadas para a complexidade brasileira. É difícil a eleição de Aécio quando se pesquisa o mapa eleitoral brasileiro e o peso dos Estados. A opinião dominante é que será difícil para ele empolgar a população brasileira com suas propostas antigas. Quando ao governador de Pernambuco, Eduardo Costa, a incerteza ainda é muito grande até quanto às composições que necessita realizar para obter base eleitoral satisfatória. O que devemos esperar é que estes candidatos, na campanha eleitoral, possam fazer um debate sério, objetivo, competente, realista, sobre as inúmeras questões que afligem o país, oferendo ao eleitorado melhores condições de optar.

No fim, a grande aspiração de todos os que acompanham a política brasileira é que o povo saiba votar e retire da vida pública alguns nomes como Sarney, Renan e muitos outros. É fundamental que o Poder Legislativo brasileiro avance na sua representação humana, com gente honesta, realmente comprometida com o futuro. Mas será que o povo realmente saberá votar? O fenômeno das mídias sociais deverá ser preponderante nestas eleições. É um fenômeno novo, ainda em pleno desenvolvimento. Seu poder de propagação e de formação de opinião é extraordinário. São as mídias eletrônicas que alimentam as manifestações e, desde já, anunciam novas ocorrências. Igualmente, na área política, já realizam campanhas de condenação geral à classe política. Hoje, praticamente todos os jovens rejeitam os políticos, com plena razão, pois os escândalos são diários. Enfim, teremos um 2014 agitado, mas eternos otimistas, esperamos que o Brasil cresça em meio aos conflitos e ao embate das ideias.

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