Aterrisando em Ouro Preto

17 de Fevereiro de 2014

Jornal O Liberal

Rodolfo Koeppel (*)

Uma coisa esperada há muito tempo parece que será realidade, brevemente. Nosso burgomestre José Leandro confirma que o Aeroporto de Ouro Preto, a ser construído no Alto do Beleza, em Cachoeira do Campo, poderá ter suas obras iniciadas ainda em 2014. Ou seja, poderemos vir para Ouro Preto de avião. Eles vão aterrissar em Ouro Preto, portanto: apertem seus cintos! Abroche sus cinturones! Fasten your seatbelts! Bitte anschnallen! Allacciare le cinture di sicurezza! Serrer la ceinture! ?????????! Obstringere cinctus! (Este é para quando o Papa Francisco vier conhecer Ouro Preto...).

Quem virá para Ouro Preto de avião? Não virão os alunos de Belo Horizonte, que hoje vêm em ônibus, com grande frequência. Não virão os turistas de Belo Horizonte e região. Estes continuarão a sofrer com os engarrafamentos de uma grande cidade, com os riscos enormes – aliás, crescentes, pois com as obras na Rodovia da Morte, o tráfego será desviado para a nossa estrada. Mas continuarão bem vindos, como sempre foram. Visitar Ouro Preto é um dos atrativos mundiais e eles merecem.

Mas mudará totalmente o perfil de nossos visitantes internacionais. Hoje, se um turista inglês estiver no Rio ou em São Paulo, ele somente virá até Ouro Preto se gostar demais do barroco e de emoções fortes, com os caminhões de minério apostando corridas na Serra de Itabirito. Ele precisa de, no mínimo, cinco horas para vir: ir para o Aeroporto, viajar para Confins, atravessar Belo Horizonte cada vez mais engarrafada – e até com assaltos, queima de ônibus, e outros fenômenos brasileiros – andar praticamente 200 km em rodovia perigosa. E mais cinco horas para voltar. Ou seja, em dois dias de viagem, tempo precioso para o turista, ele fica nem no Rio, nem em Ouro Preto – fica sentado fora de Ouro Preto e do Rio de Janeiro. Claro, para quem gosta de prazer, diversão ou cultura, este não é um uso racional de tempo e dinheiro... nem para eles, nem para nós.

Com o Aeroporto, Ouro Preto passa a ser disponível, em apenas pouco mais de uma hora para quem estiver no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Foz do Iguaçu, Brasília. Se investir dois dias, sempre tendo a oportunidade maravilhosa de pernoitar nas nossas pousadas, terá agora dois dias inteiros para curtir nossa cidade e nossa região. A ligação com Inhotim, hoje um destino muito importante no mundo, também enriquecerá Ouro Preto!

Boas notícias, más notícias! Claro que se mais brasileiros vierem, uma parte do problema estará resolvido, pois estes falam português. Mas se dois ou três aviões ATR (turbo hélice silencioso, muito usado para o turismo, suportando 60 passageiros) descerem aqui todos os dias vamos precisar de mais serviços e informações. Hoje, é difícil obter sequer um mapa de Ouro Preto, o que é fundamental para que o turista conheça o que pode fazer. E estes mapas estão em português, quando existem. Vamos precisar de guias, vamos ter oportunidades de oferecer mais alternativas pois estas pessoas viajam para curtir cultura, beleza, gastronomia, história, meio ambiente. Qual seja, inúmeras novas oportunidades de geração de renda e emprego. Noutro dia, levamos dois casais norte americanos para passear na nossa cidade. Na primeira loja, compraram cinco mil reais. Acho que o vendedor ficou feliz, naquele dia...

Pergunta que fica no ar: estaremos preparados? Ou estaremos sentados nas nossas cadeiras, amarrados aos conceitos antigos enquanto o mundo voa e aterrissa em Ouro Preto? Bem receber o turista internacional será um enorme e atrativo filão de negócios. O tempo vai ficando curto...

(*) Rodolfo Koeppel é morador em Glaura e está organizando o projeto TOP – Trilhas de Ouro Preto – rodolfo.koeppel@gmail.com