Assim podem surgir as grandes desavenças

22 de Julho de 2016
Jornal O Liberal

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Religião é questão de foro íntimo; isto a significar que cada indivíduo tem o direito de ter a religião que quiser, podendo ou não expressá-la publicamente, ou não ter nenhuma, também de acordo com sua opção. Entretanto, na mesma proporção do exercício desse direito, há o dever de respeitar o direito alheio dentro do mesmo assunto. Em princípio, todas as religiões pretendem atingir o bem o comum, consubstanciado na divindade, e têm como um dos caminhos a fraternidade humana. Mas, se a teoria diz isso, na prática a coisa é outra, pois talvez haja mais desavenças, motivadas por divergências religiosas, entre os Homens (“H” maiúsculo para incluir também mulheres) do que quaisquer outras. Muitas amizades, sociedades, incluindo-se a matrimonial, se desfazem por força do desrespeito a esse direito do outro, sem falar nas guerras e genocídios pelo mesmo motivo.

Não é o caso dos atuais atos terroristas, ditos por seus agentes como em defesa de uma religião, porque, na verdade, o Islamismo não prega a violência e seus seguidores não apoiam a onda de matança, conduzida pelo autointitulado Estado Islâmico. Os motivos são outros, mas a religião é, inescrupulosamente, usada para atingir propósitos ainda ocultos da maioria da humanidade. Uma querela religiosa pode surgir pela simples má vontade no aceite de um conceito plenamente consolidado pela opinião pública. Exemplo disso se mostra em cena de rua das mais comuns, acontecida aqui mesmo.

Pessoa é abordada por outra que, à procura de um endereço, pergunta onde fica a Rua da Auxiliadora. A pessoa indagada responde que essa rua não existe na localidade. A outra insiste na existência e cita uma referência, situada na suposta rua. A pessoa consultada esclarece: então não é Rua da Auxiliadora, porém Rua Nossa Senhora Auxiliadora – não existe Nossa Senhora, argumentou a que buscava informação. Diante disso ouviu a resposta – Você tem o direito de não aceitar e até mesmo dizer que Nossa Senhora não existe, mas há que reconhecer que a rua com esse nome existe. Sua não crença não faz desparecer Nossa Senhora da crença de outras pessoas, do mesmo modo que não faz desaparecer a rua que tem o seu nome.

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