Assustada, preocupada e com medo

01 de Dezembro de 2012
Valdete Braga

Valdete Braga

Não sou uma pessoa alarmista, muito pelo contrário: acredito que tudo é como deve ser e está onde deve estar. Mas acredito também no livre arbítrio do ser humano, e aí é que mora o perigo. A natureza é perfeita, mas o homem a está tornando (ou já tornou) imperfeita, modificando-a ao seu bel prazer.

Confesso estar assustada com a temporada de chuvas que se aproxima e com as dificuldades pela qual passaremos.

Não moro em área de risco, mas do jeito que estão as coisas, já não se sabe direito onde é e onde não é área de risco nesta cidade. Todos os dias preciso passar em uma das áreas, segundo especialistas, das mais perigosas em Ouro Preto. Para ir e voltar do trabalho passo de ônibus em frente à rodoviária, onde aconteceu aquela tragédia no início do ano, da qual todos ainda nos lembramos.

Não sou geóloga, nem engenheira, mas não é preciso ser para saber do perigo do lugar. Basta olhar para ver que há quase um ano não cresce vegetação por ali. Não precisa ser especialista para notar que o perigo é iminente.

Tenho assistido a palestras, conversado com pessoas que entendem e me explicam tecnicamente o risco. Preocupa-me ter de passar por ali duas vezes por dia, imagino então quem mora na região.

Se me perguntarem o que sugiro para amenizar ou resolver o problema, não vou saber dizer. Rezar é o primeiro passo. Mas não dá para jogar tudo nas mãos de Deus, quando não fizemos a nossa parte. Quando digo fizemos, refiro-me ao Poder Público, aos técnicos, à população... todos nós. Sem generalizar, mas não é de hoje que a tragédia está sendo anunciada; se acontecer fazer o quê depois? Chorar? Culpar A, B ou C? Complicado isso.

Procuro, como muita gente que conheço, fazer a minha parte, que é o mínimo. Nunca joguei lixo em aterros (há quem jogue no meu quintal), nunca provoquei queimadas, procuro me informar... se todos fizessem o mínimo, sem dúvida o perigo seria menor.

Logicamente sem tirar a responsabilidade do poder público, independente de ideologias políticas. Pagamos impostos, a cidade tem uma arrecadação alta, há que se tomar providências, sim. Mas poderíamos ter feito um trabalho em conjunto, poder legislativo, executivo, população... não foi falta de aviso. Agora é tarde.

Não, eu não sou alarmista. Mas já estou falando como se tivesse acontecido. É que estou preocupada, assustada e com medo. Não estou sozinha, tenho certeza de que este é o pensamento de todas as pessoas que colocam a vida humana em primeiro lugar. Somos maioria, mas infelizmente vivemos em um mundo cão onde a minoria que decide não está nem aí. Deus tenha piedade de nós, mas mais ainda deles. Nós corremos o risco de perder a vida, alguns já perderam a alma.

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