Ouro Preto, ousadia e ação para os antigos problemas

10 de Fevereiro de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

O prefeito José Leandro demonstra grande vontade de trabalhar. E de enfrentar questões antigas e novas, com a ousadia que Ouro Preto necessita, na sua singularidade de cidade tombada, de traçado irregular, surgido da natural e espontânea ocupação de sua topografia irregular. A verdade é que a velha e tricentenária cidade, destino turístico internacional, que abriga patrimônio histórico e artístico exemplar, com traçado urbanístico difícil, é exatamente o que diz a frase: cidade do Século XVIII com vida ativa do Século XXI. Então, a gestão municipal tem que ser ousada, sem desfigurar seu patrimônio e sua identidade, até porque possui tombamento federal e reconhecimento, pela Unesco, como Patrimônio Cultural da Humanidade. Mas também não dá para desconhecer questões que podem perfeitamente ser enfrentadas.

Asfaltar algumas ruas, que são acessos importantes, e que estão fora da malha urbanista setecentista, ou tombada, é providência aceitável. Tirar o pesado e inadequado trânsito da Praça Tiradentes é outra providência altamente recomendável. Assim como também acabar com o estacionamento. A Praça tomou outra vida, na convivência e na visão, tornou-se efetivamente cidadã, mais favorável aos seus transeuntes do que ao automóvel, sem os conflitos de convivência entre o homem e a máquina. A Praça Tiradentes está entre as três mais belas praças do mundo, que são a São Marcos, de Veneza e a do Palio, de Siena, como dizia Tristâo de Ataíde. Mas o trânsito e o estacionamento simplesmente conspurcavam sua visão límpida e harmônica, equilibrada, como devem permitir suas edificações.

José Leandro afirma que construirá o túnel que ligará a Padre Rolim com o Caminho das Lages. Não há outra maneira para tirar o trânsito da Praça Tiradentes, ponto de interseção indesviável entre os Bairros do lado de Antônio Dias e do Rosário/Pilar. E que atende o fluxo que segue para Mariana. Se bem feito, bem plantado, mitigado entre a topografia da região, o túnel é a grande solução. Uma outra boa ideia seria construir estacionamentos meio submersos, aproveitando os desvios e patamares da topografia ouro-pretana, a exemplo do que fez o Hotel Mondego, embora com construções de volumetria um pouco exageradas. O fato é que o trânsito de Ouro Preto, com o acelerado aumento da frota de veículos, precisa de soluções ousadas e corajosas. Nos últimos meses, tem sido um suplício transitar ou estacionar nas ruas do Centro Histórico.

O aeroporto de Glaura é outra medida interessante, que o prefeito José Leandro confirma. E com ampliação da pista, para aeronaves maiores, o que já propôs e foi aceito. É importante lembrar que está previsto para este ano um grande projeto de loteamento de maior qualidade entre Glaura e Cachoeira do Campo. Pode não ter fluxo de aviões nos primeiros momentos, mas seguramente terá ao longo do tempo. Atenderá Ouro Preto, Itabirito e Mariana e as empresas da região, especialmente a Vale. Hoje, os voos turísticos são combinados e fretados e a aviação é o grande meio de transporte do futuro. Ouro Preto está a mais de duas horas de Confins, em caminhos tumultuados. O prefeito anuncia também várias providências, algumas já encaminhadas, em distritos, outra riqueza cultural e turística de Ouro Preto, ainda não suficientemente explorada. Asfaltamento e outros investimentos em infra-estrutura, e não tão caros, poderão fazer dos distritos um excepcional atrativo turístico para a região, nas diversas modalidades em que esta atividade se organiza nos nossos dias. E que são altamente rendosas quanto à geração de empregos e receitas públicas.

Ouro Preto, segundo opinião de estudiosos e especialistas, pode tornar-se modelo em três campos: destino turístico e cultural, centro educacional e excelência em saúde. Possui as condições básicas para estas consolidações. Mas exige justamente ações ousadas. Para isto, é essencial, junto com a vontade política, a modernização da estrutura administrativa e gerencial da Prefeitura de Ouro Preto. Informatização, planejamento com acompanhamento e avaliação de desempenho, arrecadação financeira justa, cobrança do IPTU e de taxas de água e esgoto, são providências urgentes para que a Prefeitura adquira governabilidade, eficiência de gestão e de resultados, que constituem providências fundamentais, segundo a opinião geral da população. Não é fácil, existem privilégios, empreguismo, salários inadequados, mas tudo isto tem que ser enfrentado, como parece ser a disposição da atual gestão. Todos sabemos das dificuldades dada à excepcionalidade de Ouro Preto mas, justamente por esta importância é que devemos apoiar e destacar as boas intenções, tomadas com seriedade, em nome de questões antigas. É o que demonstra até agora o prefeito José Leandro, remoçado pela Prefeitura na sua disposição para o trabalho.

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