Blockchain, tecnologia revolucionária II

02 de Março de 2018
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Na semana passada, falou-se aqui sobre a CONFIANÇA, um dos sete fundamentos, ou sete princípios filosóficos, como querem outros, em que se assenta a tecnologia blockchain. Confiança é o que falta nas atividades e negócios da sociedade humana, razão pela qual há fracassos na disseminação de ideias, desenvolvimento de uns e consolidação de outros projetos. A blockchain, por sua transparência e acesso aberto a quem assim deseje, inspira a confiança necessária para que, por seu meio, se realizem transações em criptomoedas, por exemplo, o primeiro objetivo atingido com a sua criação.

Entretanto, a nova tecnologia se presta a resolver múltiplas questões concernentes às atividades humanas, não se prendendo tão somente às criptomoedas ou moedas digitais. Ela tem o poder de revolucionar e mudar a organização da sociedade humana, levando-a a outro patamar de desenvolvimento, embora possam surgir resistências pontuais e isoladas que, afinal, não contarão com força necessária para impedimento. Pessoas e setores, favorecidos pela obscuridade na qual se mantêm muitos negócios e situações, não hesitarão em torpedear a blockchain, porém pouco poderão contra a verdade, encerrada na nova tecnologia. Chegada a hora da mudança, esta se fará, debalde esforços em contrário!

A concentração de poderes, a centralização de controles têm permitido e facilitado a manipulação em favor pessoal ou de grupos, impedindo assim que populações inteiras se beneficiem dos resultados. Para reverter essa situação, que privilegia uns em detrimento da grande maioria, a blockchain decentraliza controles, que passam a ser feitos por todos os participantes em rede, impossibilitando manipulações e fraudes. Centralizado o poder nas mãos de um ou de pequeno grupo, como acontece nas organizações, tudo pode funcionar de acordo com a vontade e interesses desse núcleo, ficando o restante dos participantes à reboque daquele. Se o poder se concentra nas mãos de um indivíduo ou grupo corrupto, todo o sistema fica vulnerável, sem esquecer que ao hacker, ações invasivas são facilitadas. Essa é a realidade centralizadora à qual está atrelada a sociedade humana: no mundo, países ricos determinam quem, como, onde se produzem, e com quem ficam as riquezas; nos países, bancos e instituições financeiras controlam toda atividade econômica, bancos centrais controlam emissão de moedas, governos centralizam o poder.

Disseminado o poder numa rede, que envolve milhões, fica praticamente impossível a manipulação e qualquer fraude, pois seria necessária a cooptação de toda a rede, para que intervenções suspeitas fossem realizadas. Conclui-se que a DESCENTRALIZAÇÃO se constitui na característica imprescindível da blockchain, devido à segurança e à confiabilidade que ela imprime ao sistema, tornando-o imune às estripulias, que a competição e ganância humanas promovem.

Há quem diga que a tecnologia blockchain estimularia a honestidade nas pessoas, mas há controvérsias e um pouco de ingenuidade em quem assim pensa. Pedaço de ferro não se converte em ouro, por ser banhado a ouro! Quem é desonesto não se tornaria honesto com a blockchain; apenas seria impedido de cometer desonestidade. Em outras palavras, faltar-lhe-ia a oportunidade para a ação desonesta, mas no íntimo tal indivíduo continuaria desonesto. Nos casos gerenciados com base na nova tecnologia o que poderia haver seria uma honestidade compulsória, nem mais, nem menos! Contudo, para o mundo, já seria muito bom; que tudo ficasse às claras, aos olhos de todos, com oportunidades iguais, sem ação dos espertinhos a dar “um jeitinho” em tudo. Quanto a ser honesto ou desonesto é problema de consciência em cada um. O importante é que a sociedade humana, pelo menos em alguns casos, ficasse livre dos resultados perversos provocados pela desonestidade.

Sabe-se que a blockchain ainda não é definitiva, estando em processo de desenvolvimento, razão pela qual sua aplicabilidade, caso a caso, demanda muitos estudos, o que já se realiza em muitas empresas, instituições e organizações diversas, em todo o mundo. Dentro dos seus sete princípios fundamentais, a tecnologia blockchain comporta tantas variantes quantas necessárias, em atendimento a igual número de pontos demandantes. Essas variantes permitiram a criação das já mais mil altcoins, como são chamadas, genericamente, as demais criptomoedas, criadas após o bitcoin.

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