Blockchain, tecnologia revolucionária VII

06 de Abril de 2018
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

O texto anterior foi dedicado à liberdade, o maior bem moral inerente à vida humana, mas, paradoxalmente, causa da perdição do indivíduo quando a exerce sem critérios, como se seu direito fosse único ou estivesse acima do que cabe ao seu semelhante. O gozo da liberdade, em comparação pobre e incoerente com o gosto deste autor, é um jogo no qual o indivíduo responde à pergunta “posso?”, seguida de, “devo?”. O livre arbítrio lhe permite responder, afirmativa ou negativamente, à primeira pergunta, em qualquer circunstância, sem que se comprometa, pois nenhuma ação é ou não executada, antes que se responda à segunda, “devo?”. A ação ou omissão vem depois de respondida esta última. Aí o bicho pega!

O livre arbítrio lhe dá o direito de fazer o que decidir, mas há consequências a enfrentar, em qualquer situação, podendo algumas ser de natureza negativa para si.

Do bom exercício da liberdade nasce a oportunidade, ou seja, um conjunto de circunstâncias propícias a uma ideia, a um projeto, que se quer posta em prática, que se quer realizado. Deve estar aí a razão de os Estados Unidos serem considerados o país da oportunidade. Antes disso, todos sabem, é o país da liberdade! A tecnologia blockchain também traz, em seu bojo, a OPORTUNIDADE como consequência natural da liberdade, que permite ao usuário fazer o que o sistema centralizado não lhe permite, por exemplo, na área financeira. Existe no mundo, pela primeira vez, além de um país ou nação, um ambiente de oportunidade estendida, indistintamente a todos os indivíduos, independente das fronteiras a que estão circunscritos. É algo extraordinário, jamais imaginado antes que se abrissem as fronteiras da cibernética, cujo maior portal ao alcance da população em geral é a internet. Ainda que pouco ou mal utilizada pelo indivíduo comum, a internet possibilita a interação global e o contato pessoa a pessoa, a baixo custo, não importando a distância a separá-las. Foi o primeiro grande espaço democrático, em nível mundial, onde os horizontes individuais podem se ampliar, a depender da vontade do conectado, na exploração das oportunidades que a rede oferece.

Pois bem, na internet, a Blockchain escancara as portas para a OPORTUNIDADE! Na área financeira, por exemplo, o Banco Mundial aponta cerca de dois bilhões de pessoas, entre adultos, que não possuem conta bancária, o que representa trinta e oito por cento, da população mundial, alijados da cadeia produtiva, da faixa de dotada de renda primária para manter-se e, consequentemente, à margem do mercado consumidor; dependentes, portanto, de alguma forma de assistencialismo. Sabe-se que uma economia só é forte quando aberta a um maior número possível de pessoas, cada uma dessas a receber parte da riqueza gerada pelo trabalho. É a riqueza, assim gerada e distribuída, que faz a prosperidade, na contramão de governos populistas, que tentam tapar o sol com peneira, ao fazer redistribuição por meio do assistencialismo.

Infelizmente, a economia global apresenta sérias desigualdades devido ao sistema financeiro que, com toda a pujança e estrutura de que é dotado, revela-se incapaz de incluir populações inteiras. Ainda segundo o próprio Banco Mundial, a prosperidade, no mundo, está em declínio, enquanto cresce a desigualdade. Essa situação tende a se agravar, se medidas não forem tomadas para se reduzir a faixa marginalizada mediante políticas de inclusão social em todo o mundo. Observe-se, por exemplo, que microtransações, ou seja, operações financeiras de pequena monta, a longas distâncias, no modelo atual, são praticamente inviáveis devido a uma série de injunções. Se alguém pensar em enviar cinco reais a outra pessoa, no ouro lado do mundo acabará por arrepender-se de ter pensado, tamanhas são as dificuldades, a começar pelo custo. Ao contrário, no ambiente da blockchain, qualquer pessoa pode enviar qualquer valor, para qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, a um custo mínimo, sem ter que dar obediência a quem quer que seja.

Se, em razão das muitas exigências, uma pessoa não possui conta bancária, o celular, ao contrário, de fácil acesso à grande maioria, pode ser o seu banco, não necessariamente para armazenamento de moedas digitais, pois todos sabem o que isso representaria. Usar o celular para armazenagem de criptomoedas seria entregar o ouro aos bandidos, mas como meio de transferência seria o mais cômodo e menos oneroso. Se a pessoa, por muitas razões, não pode usar o meio bancário para remessa de pequenos valores, por meio do celular ele faz a transferência de valor, assim como se faz de uma simples mensagem.

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