Bola Furada

07 de Fevereiro de 2011
Neto Medeiros

Neto Medeiros

Adoro futebol. Sou melhor assistindo e cornetando do que propriamente praticando-o. Torcia muito quando criança, talvez por absorver o fanatismo de meu saudoso pai, e exercia toda minha revolta com uma eliminação idiota a ponto de ficar vários dias de mau humor.

Na medida em que temos a percepção das coisas que permeiam o jogo, deixamos um pouco de lado nossa “doença” incondicional e começamos a perceber os vários aspectos negativos em torno do chamado ópio do povo.

Tenho vários ídolos no futebol. Meu xará é um deles. Dentro de campo jogava muito e fazia gols espíritas, hoje, raros no futebol. Tostão, Pelé e outros monstros, como os Ronaldos em épocas de melhores do mundo, faziam a gente ter o mesmo prazer que tínhamos em acordar numa manhã de Domingo pra ver o Senna correr...

Fora a falta de craques, nosso futebol anda bem carente de homens mais bem esclarecidos. O jogador Willian Moraes, revelado no Corinthians, tinha apenas dezenove anos quando teve a vida ceifada por um noiado qualquer que se achou no direito de surrupiar o cordão de ouro do rapaz. Ele tentou fugir e foi alvejado pelas costas. O centro avante paraguaio Cabañas só não foi pra copa, porque se envolveu em uma briga e tomou um tiro na cabeça. Sobreviveu por milagre.

Imagine se os jogadores que são expostos o tempo todo pela mídia usassem a mesma para transmitir ideias positivas e que produzissem a evolução?

O Marcos o fez. O goleiro penta-campeão e ídolo contemporâneo ao sair de uma derrota no clássico e ao ser interpelado sobre a violência dos torcedores, falou na tora:

“Se o brasileiro tivesse a mesma disposição de protestar contra os políticos, o país seria outro”.

O esporte mais praticado no país deveria usar esse potencial de forma digna. Positiva. A maioria dos jogadores profissionais é pobre, assim como os demais brasileiros. A nossa desigualdade social se reflete aí também.

Ainda tem torcedor que mata e morre pelo time. A brutalidade gratuita e inútil.

A pátria das chuteiras deveria ser a dos cadernos. Não a do pão e circo. Deveria ser o solo do ser humano honesto e trabalhador, que só quer ganhar o seu em paz pra tomar uma no final de semana, óbvio, depois daquela pelada. Nosso país deveria ser bem mais justo e igual. Que o Egito consiga mostrar pro mundo que a União não faz só açúcar.

E que o futebol seja somente um esporte. Nem doença e nem solução. Apenas uma das várias coisas boas que tem a vida. Nosso país pode ser melhor. Nós podemos.

Ser eliminado outra vez da Libertadores é f)#@a!!!

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