Brincadeira de mau gosto, desperdício e delinquência

15 de Agosto de 2014
Jornal O Liberal

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Grita-se contra os preços altos, condena-se o governo pela inflação e arrocho na economia, mas o cidadão avança na contramão dos fatos contra os quais reclama. E, pior, a atuação predatória contra a economia popular parte do mundo infanto-juvenil, sob a omissão paterna e condescendência da escola, à qual não cabe tão somente o ensino do bê-á-bá e contagem de um a dez. Foi-se o tempo em que o ovo, símbolo da economia nas pequenas comunidades, chegava a ser empregado como moeda, na falta da própria, tão pobre era a população. A galinha se virava para comer, a ciscar nos quintais, e com seus ovos, que não eram de ouro, a família se virava para comer o arroz com feijão. Carne era só aos domingos e dias de festa, muito longe então das grandes churrascadas, regadas a cerveja. O país perde, anualmente, em desperdício, quase trinta toneladas de alimento e, desse volume, a colheita divide com o preparo e hábitos alimentares a metade de todo o prejuízo. Não que se jogue, propositadamente, a comida no lixo. A falta de consciência aliada à educação de má qualidade, o desleixo, a indisciplina atuam como molas propulsoras do desperdício, cujo volume diário, cerca de quarenta mil toneladas, daria para alimentar vinte milhões de pessoas com as três refeições básicas do dia. Desperdício eventual, acidental, involuntário é grave, mas feito voluntariamente com agravante de ser por diversão pode ser considerado crime contra a economia popular. E é isso que escolares fizeram, na rua à saída da escola ao jogar ovos uns contra os outros. Pensava-se que tais ações muito comuns em anos passados tivessem sido banidas, com a intervenção de pais e participação da escola. E o desperdício não basta ao insólito lazer infanto-juvenil, pois, por extensão, ainda sujam paredes de casas.

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