Brinquedo do Diabo

14 de Abril de 2016
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Aos que nem sabiam da existência do produto, a chamada no noticiário televisivo parecia falha; talvez a palavra “buzina” tivesse sido usada no lugar de “cozinha”. Gás de cozinha todo mundo sabe o que é, mas a notícia veio confirmar que se tratava de “gás de buzina” mesmo. Mas, o que seria isso? Nada mais que um estúpido brinquedo, não se sabe se fabricado também em outras partes do mundo, mas, irresponsavelmente produzido e liberado para comercialização em território tupiniquim. Quando se diz que o Brasil é um país grande, bobo e irresponsável, a confirmação da verdade se faz com fato como esse, que resultou em, pelo menos, duas mortes de jovens. “Gigante pela própria natureza”, detentor de mais de duzentos milhões de habitantes, não passa de um bobo a brincar com uma maluquice, saída talvez da cabeça do próprio diabo e cuja fabricação/comercialização foram liberadas pelas autoridades. Como brinquedo, buzina já existe movida a ar, mas algum idiota entendeu de recriá-la, movida a dois gases venenosos (butano e propano), para gáudio dos que lucram com o sacrifício de vidas alheias. E o que faz buzina de brinquedo? Nada de importante, utilidade ou necessidade; apenas barulho irritante, em festas e manifestações populares. Mas à tal buzina em foco foi associado algo similar a drogas ilícitas, em seu efeito alucinógeno, para melhor expansão das vendas entre os incautos e satisfação ainda maior de seus fabricantes. Na base da pirâmide, consumidores pagaram com suas vidas e agora querem cobrar de comerciantes, mas quem fabrica, sob licença concedida pelas autoridades, fica coberto pela impunidade. Reverter a perda de vidas é impossível, mas é possível impedir que o fato se repita, proibindo-se, definitivamente, a fabricação do estúpido brinquedo. Há apenas alguns anos, serpentina metálica (produto também supérfluo e perigoso), irresponsavelmente importada, provocou a morte, na hora, de quinze pessoas numa festa de rua, em cidade do Sul de Minas. Devido à sua superfluidade e alta periculosidade, produtos como esses não deveriam ter liberada sua importação ou fabricação, observando-se ainda que alertas em rótulos e embalagens são inócuos; não impedem o mau uso e, consequentemente, mortes de pessoas ou animais. Punição severa deveria ser endereçada à mente malsã, que criou a buzina, ao fabricante e, especialmente, às autoridades que a liberaram.

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