O caso do falso frade

20 de Abril de 2016
Jornal O Liberal

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A igreja-matriz de Nossa Senhora de Nazaré/Cachoeira do Campo está entre os poucos monumentos, no Brasil, que conservava um frade de pedra, marco característico de origem portuguesa, assentado junto a monumentos importantes. Situado na esquina do adro, à frente da torre do sino, tal marco foi destroçado, misteriosamente, há alguns anos. Denunciado o fato, a Prefeitura de Ouro Preto tomou providências no sentido de recompô-lo, recorrendo ao mestre em cantaria, José Raimundo Pereira (“seu” Juca do Patrimônio) que preparou outro, imediatamente colocado no local. Durante a recente Semana Santa, novamente, o frade de pedra foi destroçado, não se sabe por quem. Mas, uma surpresa se revelou, pois os destroços não eram de pedra, mas, sim, de concreto; donde se conclui que antes do crime de vandalismo ou acidente de trânsito, que quebrou o falso marco, o verdadeiro foi objeto de furto. Não se entende o porquê do furto e seu disfarce, pois o valor do frade de pedra só existe quando fincado em seu local, junto ao monumento; retirado de seu lugar é uma pedra como qualquer outra. Por que alguém faria tal substituição? Se pensou em lucro, saiu no logro, mas o conjunto artístico-histórico, representado pela igreja-matriz e e seu entorno, perdeu detalhe importante, especialmente por ser dos últimos conservados. No fundo, a incultura pode ter sido o que moveu o crime contra o patrimônio local.

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