Carnaval, sempre carnaval!

19 de Março de 2015
Jornal O Liberal

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Este país, grande, bobo e irresponsável, é mais conhecido lá fora como o país do carnaval. E não é de hoje que essa imagem se sustenta entre os gringos, bastando dizer que foi em razão disso que a maior festa brasileira (anteriormente feita pelo povo, com o povo e para o povo) foi estatizada, melhor dizendo, municipalizada, num arranjo de objetivos e interesses estranhos, que vão desde o massacre da criatividade popular até a inibição (não a censura oficial) da crítica política, passando pela rentabilização das grandes marcas de bebidas mais consumidas na ocasião. Mas, agora, descobre-se que o carnaval não está restrito, no tempo, a três dias (antigamente) uma semana ou mais (atualmente). Vive-se, no Brasil, um grande carnaval, um grande baile à fantasia, de norte a sul, de janeiro a dezembro. Ombro a ombro, cara a cara, a compartilhar mutuamente o bafo e o suor, foliões se dividem em dois grupos distintos nas intenções ocultas. Ingênuos visam apenas a alegria e têm a todos como iguais; maliciosos visam algo mais além da alegria dos ingênuos, em detrimento dos interesses de todos. Aqueles não conhecem estes; estes sabem bem quem são aqueles. O baile prossegue animado, ingênuos a se divertir, e, maliciosos a conspirar, até que a natureza resolve intervir. Chuva inesperada desaba igualmente sobre todos os foliões, desmanchando máscaras, aqui e ali, revelando o que se encontra embaixo delas. Figurões de fraque e cartola outros não são senão os que detêm o segredo do tesouro armazenado, descoberto por Ali Babá, na investigação dentro da petroleira; o grande magnata da mineração não passa de escroque internacional, e, o juiz que comanda seu processo, também não passa de seu semelhante com olho gordo sobre as coisas alheias; ocupantes de cargos ainda com as máscaras da campanha eleitoral, mostram justamente o contrário do que anunciam em sua propaganda. Mas o carnaval continua ad infinitum (até o infinito, ou, sem fim) porque ingênuos, ora bolas, são ingênuos, só querem alegria e fazem a maioria, a mesma que, ingenuamente, diz: “enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé”. E quanto cavalo tem este brasilzão!

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