“Cê sabe quem sou eu?”

30 de Junho de 2011
Jornal O Liberal

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Por muito que se diga sobre a igualdade dos cidadãos, dentro do regime democrático e perante a Constituição, sempre há aqueles com ares de superioridade, prontos a mostrar suas garras sobre os direitos do próximo. São os da linha “sabe com quem cê tá falano?”, “Cê sabe quem sou eu?”, “Cê sabe de quem sou filho (a)?” Segundo seu entendimento, nada mudou para os que detêm poder político e/ou econômico, devendo suas vontades ir além do bom senso e prevalecer sobre, regras, regulamentos, leis, etc. Mas, nem sempre isso se confirma, porque, em contrapartida, cidadãos conscientes repudiam tal comportamento e fazem valer a igualdade de tratamento. Deixando de lado identidade do personagem, pois o que interessa é o “milagre” e não “santo”, atentos também ao fato de “quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto” vamos aos fatos ouvidos de terceiros. Pode ser tudo verdade, ou um pouco dela, ornamentada pela imaginação de quem ouve e repassa, mas o relato é semelhante a tantos outros no reino das “carteiradas”. Empresário e político sem cargo, porém sempre à sombra de quem com poder, tomou coletivo em percurso com destino a grande cidade. Teria que pagar sua passagem ao auxiliar de viagem dentro do veículo. Na hora H, percebeu que não portava um níquel, pois havia deixado a carteira em casa. O funcionário da empresa lhe disse que não poderia continuar a viagem sem pagar, e se afastou, na esperança de que o passageiro tomasse suas providências. Um pouco à frente, o veículo parou e o mesmo funcionário o convidou a descer, uma vez que não pagara. O passageiro “importante” se levantou e passou dizer que aquilo era um absurdo, pois já tinha sido vereador, candidato a deputado, era amigo do ex-governador, amigo dos ministros e tais e tais; que não podia ser impedido de continuar a viagem, pois ele não era pessoa qualquer. Dos últimos assentos, no veículo, alguém ainda gritou:- político? e sem dinheiro para pagar passagem? Ponham esse cara pra fora! Nesse momento falou mais alto a solidariedade. Passageiros se cotizaram e entregaram o valor ao passageiro “importante”. Foi aí que humildade foi mesmo pro brejo! O homem, ao invés de agradecer aos colaboradores e pedir desculpas ao auxiliar de viagem, lançou o dinheiro na cara deste. O ônibus prosseguiu e, no primeiro posto policial, parou. Policiais militares, previamente informados sobre o incidente, aguardavam o passageiro insolente.

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