ESSES DOIS FATOS, unidos por uma porção mínima de cinzas na quarta feira, representam grande expressão da alma popular. Encerra-se o carnaval, de origem pagã, com a explosão da força da alma e do corpo, centrada na alegria daquela e na vibração multicolorida deste, pelas praças e avenidas de todas as cidades brasileiras. Carnaval é música, samba, fantasia, máscara e beleza física em expressão, em quatro dias de muita folia e descontração. O corpo conduz a alma, a alma enfeitiça o corpo. E, ambos, explodem em alegria e muita emoção. Feliz de quem soube brincar sem derrapar para o excesso, para o mal, para a dor, para o crime. Quem brincou bem seus males espantou.
A quaresma (quarenta dias) chegou para exaltar os tributos, os valores, as ações individuais e coletivas da força do espírito, da beleza da alma, das intenções do coração. As igrejas e capelas foram o grande e sagrado ambiente para a expansão da vontade de fazer o bem pessoal e social. Os templos estão revestidos de roxo, neste período quaresmal. Seis domingos antecedem à Páscoa.
NO ANTIGO TESTAMENTO, “a lembrança deste período está em Noé em sua arca vagando nas ondas por 40 dias e 40 noites de violenta tempestade purificadora do ser humano; está em Moisés que permanece por 40 dias e 40 noites no Monte Sinai para receber as Tábuas da Lei; está nos 40 anos de paz de Israel escrito no livro dos Juízes; está nos 40 dias que o profeta Elias gastou para chegar ao Monte Horeb; está nos 40 anos que duraram os reinados de Saul, Davi e Salomão; está nos 40 anos que o povo de Israel caminhou pelo deserto até chegar à terra prometida. No Novo Testamento, 40 dias de espera levaram José e Maria para então apresentar Jesus ao Senhor no Templo; está em Jesus que antes de iniciar a vida pública retirou-se para o deserto, durante 40 dias, em oração; está em Jesus ressuscitado instruindo seus discípulos antes de subir aos céus; está na comunidade católica, apostólica, romana, em oração retiros espirituais em templos sagrados, em comunidades orantes e penitentes” (Wikipédia).
EM SUMA: Há séculos estes dois acontecimentos – carnaval e quaresma – cujos conteúdos estão vivos na alma, no coração e nas comemorações populares, são respeitados e reunidos anualmente. Fiquem agora, com as sábias palavras do Papa Francisco: “Que fazer? Se porventura detectamos, no nosso íntimo e ao nosso derredor, os sinais acabados de descrever, saibamos que a par do remédio por vezes amargo da verdade, a igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de quaresma, o remédio da oração, da esmola e do jejum. Gostaria que minha voz ultrapassasse as fronteiras da igreja católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus para invocar, jejuar juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos. Na Divina Comédia, ao descrever o inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então: Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores que o amor corre o risco de se apagar em nós?”.
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