Coisas de ontem... e de hoje CVIII

08 de Julho de 2014
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Ao fim de comentários e relatos diversos sobre gastos supérfluos e aleatórios, comumente praticados, Tatão retoma o discurso inicial: – Vocês mesmo acabam de confirmar o que eu disse, no início, sobre o comportamento perdulário do brasileiro. De modo geral, o cidadão não planeja sua vida financeira, gasta aleatoriamente o que ganha e o que ainda espera ganhar. Dessa forma, sua vida avança ao sabor das circunstâncias e quando chega a aposentadoria percebe que, nada tendo feito para garantir a velhice, está totalmente dependente do mísero valor pago pela Previdência Social. E como, também já dito, poupar não é somente guardar dinheiro na popular caderneta de poupança que, na verdade, repetindo também, é praticamente empréstimo de graça ao governo. Falta ao brasileiro a cultura da poupança no seu real significado.

Narita se dirige ao Tatão e pergunta:

– Ainda há pouco, falou-se aqui da utilidade disso, daquilo, da validade ou não da posse de certas coisas, como o carro, por exemplo.

Tatão não espera que ela termine a exposição:

– A questão da utilidade ou validade da posse varia de pessoa para pessoa. Para uns, o carro pode ser ferramenta indispensável, para o exercício das atividades; para outros é mais uma comodidade proporcionada pela renda auferida. Mas há os que, não o tendo como ferramenta e nem renda suficiente, endividam-se para tê-lo na garagem.

– Compra de carro, então, não é investimento? – indaga Dorinha.

Mas quem responde é Manelão:

– Ora Dorinha, investimento é gasto com algo que pode lhe proporcionar retorno satisfatório, em prazo compatível com o volume investido. Melhor dizendo, valores baixos devem dar retorno em prazo mais curto que valores altos. Não sendo ferramenta de trabalho, carro só gera despesas e se desvaloriza, sempre, a partir de sua saída da agência.

– Sem falar nos riscos de acidente com perda total, até morte do proprietário – acrescenta Lazinha.

– E o computador? – volta Dorinha.

– É o mesmo caso do carro – explica Tatão – e não vejo utilidade no computador, para quem não o usa para o trabalho ou não está conectado à internet. Se não é ferramenta de trabalho, pelo menos, a pessoa pode aprimorar-se, buscando conhecimentos na internet. Infelizmente, não é isso o que acontece. O que se vê é a grande turba a trocar abobrinhas nas redes sociais, quando não a zombar, ridicularizar e acusar pessoas inocentes. Outros têm o computador só para jogos, desperdiçando grande oportunidade de aprender algo diferente e se expandir culturalmente. Cabe, entretanto, observação quanto à busca na web (internet) pois nem toda informação é confiável. A pessoa deve ter bom senso, não aceitando a primeira resposta encontrada para o que busca. Ainda bem que, após três décadas da internet, no mundo, cada busca gera um sem número de respostas, que podem ser comparadas por quem as capta. Por isso, digo que do uso depende a interpretação: se computador é ou não investimento.

Aqui, Dolores faz sinal a Tatão e faz a observação:

– Eu nada entendo de computador e, muito menos, de internet. Contudo, ao presenciar cena entre meu filho e meu neto, percebi que mesmo entre os que fazem bom uso do equipamento, cometem-se equívocos. O garoto, ocupado com tarefa escolar, foi a um buscador na internet para saber significado de determinada palavra. Foi quando seu pai o repreendeu, dizendo que, para conhecer palavras em seu verdadeiro significado, a fonte correta é o dicionário.

– Até que pode encontrar o significado correto, mas nem sempre – esclarece Tatão – o correto mesmo é consultar o dicionário. E os melhores deles são também encontrados “on-line”, o que, praticamente, invalida consulta aos buscadores nesses casos. Fora da internet, atendo-se a tão somente o computador, há também outro equívoco, em se tratando da redação de textos. Pessoas, não bem enfronhadas em gramática, se metem a escrever, confiantes no corretor de textos. Acontece que, na área gramatical, os corretores não são confiáveis. Em ortografia são bem melhores. Quanto à gramática, criticam o escrito e apresentam sugestões, que podem ser válidas ou não, cabendo ao redator a decisão. Aí é que o bicho pega, pois se o conhecimento de gramática é fraco, asneira poderá chegar aos olhos do leitor.

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