Coisas de ontem... e de hoje CXVI

07 de Setembro de 2014
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

– Rasgar dinheiro é crime? – indaga Dorinha surpresa – taí, não sabia desta.

– Nem eu – acrescenta Lazinha, perguntando ao Tatão – mas, isso é sério?

– Tão sério como é seu direito ao salário! Rasgar, queimar, ou de qualquer forma, destruir dinheiro é crime. Ele é patrimônio público e, por isso, tem a proteção da lei. Além disso, como já disse, como o volume circulante deve corresponder a toda a riqueza produzida pela nação, por meio do trabalho, cada parcela merece o respeito do cidadão que a possui.

Manelão intervém:

– Sempre ouvi dizer que quem rasga dinheiro é louco.

– De acordo com a lógica, é verdade, porque ninguém em sã consciência pratica esse desatino. Contudo, independente da questão de sanidade, o ato é criminoso.

– E escrever nas notas? – quer saber a Dolores.

– Como a cédula não se destrói e não perde valor, qualquer inscrição nela não chega a ser crime, porém ato de incivilidade, ou má educação, merecedor de reprovação de toda a sociedade. Não se entende o porquê de alguém garatujar em cédulas, havendo, para isso, tanto papel no mundo.

– É a mesma mentalidade dos “escritores” de banheiro público – corta Manelão, antes que o Tatão prossiga.

– Quanto ao ato de amaldiçoar o dinheiro, atribuindo sua origem ao diabo, é próprio da ignorância de quem assim procede. O dinheiro não deve ser endeusado, colocado acima da dignidade humana, porém respeitado como produto do trabalho, bem como por sua função de nos prover do necessário. Ele não é deus e nem o diabo, porém fruto da genialidade humana, em momento de prevalência do interesse coletivo.

– Da minha parte – adianta-se Manelão, a fazer galhofas – garanto-lhes não haver nenhuma repulsa ao “dindin”. Pelo contrário, ele é sempre bem vindo. Só lamento ser tão pouco; apenas uns caraminguás para a vida deste velho aposentado. Aliás, se existem vidas passadas, como dizem por aí, eu devo ter sido um tremendo escroque, na última encarnação. Devo até ter tirado mingau da boca de crianças, assaltado a bolsa de São Vicente de Paulo, surrupiado moedas de pedintes de rua! Só assim se explicaria o fato de o cascalho ser tão miúdo no meu caminho!

Dorinha não perde o momento:

– Débitos anteriores podem ser irrelevantes, Manelão. Só o que você já aprontou, nesta vida, é o suficiente para atrair o que você chama falta de dinheiro!mada.

– Do que você fala? – indaga Tatão, provocando surpresa à Dorinha:

– Gente! A coisa virou! Quem normalmente informa, agora, pede informação.

E Dolores responde a Tatão, repassando-lhe folha impressa:

– A Previdência, em extensa matéria, diz investir mais de treze bilhões de reais, em todas as unidades da federação, mediante liberação da primeira parcela do décimo terceiros salário a aposentados e pensionistas.

– Mas que governo cara-de-pau! – reage Tatão – Folha de pagamento nunca foi investimento.

De acordo com o que sei, investimento é a aplicação de dinheiro na criação ou expansão de um negócio, serviço, etc. Neste caso, seria investimento se esses ditos mais de treze bilhões fossem aplicados no melhoramento do serviço previdenciário. Ao repassar esses valores, mensalmente, incluindo-se o décimo terceiro, aos aposentados e pensionistas, o INSS está apenas a pagar dívida do governo. Investimento, fizeram segurados do INSS para que esses repasses se façam agora. E fim de papo!

– Oh! Manelão, se sua tese fosse verdadeira, a maioria dos aposentados teria sido escroque – fala o Mário, continuando – estamos no mesmo barco, recebendo essa merreca do INSS. E nem tanto podemos reclamar, pois, neste grupo, todos têm a sorte de gozar de boa saúde e ainda exercer alguma atividade remunerada. Não fosse isso, nossa situação seria bem pior.

– Você tem razão, Mário, e o meu Mané pensa da mesma forma, mas, você sabe... ele gosta de cascatear um pouco – explica Chiquinha.

– Já que se fala em aposentados e a merreca que recebem, lembrando ainda que a Previdência Social mudou o conceito de benefício, chegou agora a vez de investimento ter o conceito deturpado pela mesma instituição – é a Dolores a se mostrar bem informada.

– Do que você fala? – indaga Tatão, provocando surpresa à Dorinha:

– Gente! A coisa virou! Quem normalmente informa, agora, pede informação.

E Dolores responde a Tatão, repassando-lhe folha impressa:

– A Previdência, em extensa matéria, diz investir mais de treze bilhões de reais, em todas as unidades da federação, mediante liberação da primeira parcela do décimo terceiros salário a aposentados e pensionistas.

– Mas que governo cara-de-pau! – reage Tatão – Folha de pagamento nunca foi investimento.

De acordo com o que sei, investimento é a aplicação de dinheiro na criação ou expansão de um negócio, serviço, etc. Neste caso, seria investimento se esses ditos mais de treze bilhões fossem aplicados no melhoramento do serviço previdenciário. Ao repassar esses valores, mensalmente, incluindo-se o décimo terceiro, aos aposentados e pensionistas, o INSS está apenas a pagar dívida do governo. Investimento, fizeram segurados do INSS para que esses repasses se façam agora. E fim de papo!

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