Coisas de ontem... e de hoje LXIV

21 de Julho de 2013
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

O grupo se lembra da observação do Manelão à Dorinha e cai na gargalhada, ao ouvi-la, de Tatão, endereçada à mesma destinatária. E Tatão continua, no mesmo diapasão:

– Você se esquece de que, hoje, a metade dos brasileiros está conectada à internet; que o número de conexões tende a crescer cada vez mais; que pesquisa de opinião e consulta já é coisa comum na internet. Até eleições já são feitas pela rede mundial de computadores.

– Verdade? – é a Lazinha surpresa – mas, em que país?

– Não me refiro a eleições políticas, para preencher cargos públicos. Mas, entidades e instituições já as fazem com sucesso.

– E você acredita que eleições políticas ainda poderão ser realizadas pela internet? – é a vez da Narita.

– E por que não? É perfeitamente viável.

– Mas nem todos estão conectados à internet – devolve Narita.

– E nem precisa. É claro que isso não é para hoje e nem para amanhã, mas a Justiça Eleitoral poderia ter uma rede de pontos (similares às ‘lan houses’) acessíveis aos eleitores não conectados. Durante tempo determinado pela Justiça Eleitoral, o eleitor teria acesso ao sistema para, primeiramente, eleger, depois confirmar ou reconsiderar sua posição quanto ao político por ele votado na eleição anterior.

– Ele teria acesso mediante o título eleitoral e só poderia apontar o político por ele votado, não é isso? – quer saber o Mário.

– Eu disse que o eleitor teria a oportunidade de confirmar ou reconsiderar sua posição, mas não disse que ele só poderia avaliar o mesmo nome. Isso seria a negação da inviolabilidade do voto, pois de alguma forma, haveria que saber qual o nome sufragado pelo eleitor. O que quero dizer é que o eleitor teria essa oportunidade.

– Mas o eleitor que não tivesse votado em nenhum dos eleitos teria oportunidade de apontar o candidato derrotado? – é a dúvida do Quinzão.

– Êpa! Estão a confundir as coisas! Não se trata de nova eleição e, sim, de avaliação dos eleitos, cujos mandatos estariam em curso; portanto, somente eles poderiam receber avaliação. Quem neles não tivesse votado teria a mesma oportunidade de aceitá-los, ou não. Muitas vezes o eleitor não consegue ter seu candidato eleito, mas, no desenrolar do mandato, encontra no eleito a resposta aos seus anseios de cidadão. Da mesma forma, os que continuassem insatisfeitos, confirmariam sua rejeição. Até a metade do mandato, o eleitor teria, hipoteticamente, seis acessos (número par) com oportunidades iguais de confirmar e reconsiderar. Ao fim do período, apurar-se-iam os resultados, que seriam analisados pela Justiça Eleitoral, à qual caberia declarar a cassação dos rejeitados e confirmação do mandato dos demais. Para assumir as vagas, seriam convocados suplentes.

– Tatão, você não considera essa ideia um tanto utópica? – indaga Chiquinha.

– Um tanto, não! Bastante utópica, se considerarmos a qualidade dos políticos, dos quais a nação é refém, e o nível de educação da sociedade como um todo. Entretanto, também a viagem à lua já foi utopia. Há cinquenta anos quem ousaria falar em internet, sem risco de se inserir na lista de insanos? Tudo tem início no reino do imaginário, onde se destacam a ousadia e a busca pelo novo. O que agora discutimos ainda é pura imaginação, sem ligação com qualquer projeto em andamento, mas factível, se vontade houvesse de torná-la realidade. Todavia, a balançada provocada pelas manifestações populares pode apressar mudanças, não necessariamente no rumo da concretização dessa ideia, mas que podem liberar o sistema de boa parte do entulho, que representa atraso ao desenvolvimento, entrave à prática da democracia mais ampla e estímulo à corrupção, em todas suas formas.

– Penso ter entendido um pouco do que você diz, Tatão – afirma Dorinha – pelo que entendi, você considera a democracia ainda incompleta, necessitando romper barreiras para que alcance todos os cidadãos. Sem os partidos, a verdadeira Política seria feita diretamente a partir do cidadão, passando pelo seu círculo de convivência, pela comunidade em que vive, pelo município, isso num crescendo até englobar a nação como um todo.

– É mais ou menos isso. E, para começar, o povo já dá mostras de entender que PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!

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