Coisas de ontem... e de hoje LXVIII

19 de Agosto de 2013
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

A conclusão da Chiquinha, segundo a qual falta humildade à direção da banda de lá e lealdade à banda de origem por parte do grupo de cá, quase não é percebida, porque gargalhadas explodem em torno do que diz o Manelão.

– E quem seria o “Mr. M” na diretoria daquela banda de música? – pergunta Narita ao Manelão.

– Mr. M?

– Ora, o mágico que fazia desaparecer pessoas e grandes objetos diante das câmeras de televisão – esclarece a Dorinha – só grandes mágicos podem produzir efeitos tão espetaculares.

– Se há mágico, ou não, por trás disso, eu não sei. O Tatão aí contou a história e eu tirei minhas conclusões. Se os jovens comparecem aos eventos e os de lá negam essa participação, a única explicação para a negação é a invisibilidade da garotada, porque não creio que ditos diretores sejam tão mentirosos.

Tatão intervém:

– Vocês estão a fazer pilhéria, mas o assunto é muito mais sério do que se pensa. Não se esqueçam de que, no episódio, estão envolvidos menores de dezoito anos.

Dolores volta a falar:

– Estava, justamente, a pensar nisso, Tatão. Os pais, bem como todos diretamente envolvidos, sabem que os filhos estão, realmente, a participar daquela banda. Mas, e o grande público que tomou conhecimento da negativa, ao ler publicação em jornal? Lá está dito que, no ano em curso, o grupo só compareceu a dois eventos.

– Você entende bem o que quero dizer. Embora esses jovens, eventualmente incursos em erro, ou seja, desleais em relação à banda de origem, não merecem sobre si a suspeita de que se desviam do destino, previamente anunciado aos pais. Com a negação, assim publicada, aqueles diretores estão a denegrir a imagem pública dos adolescentes envolvidos. Os adolescentes merecem reprovação quanto à deslealdade, mas quanto à insinuação de que se dirigem a outros locais, ou eventos, sabe-se serem inocentes.

– Tatão, você parece conhecer bastante o caso e eu tenho uma dívida – é a Dorinha que, em seguida, faz a pergunta:

– Você diz que a interferência da direção daquela banda se configura no transporte fornecido por ela. Quer dizer que os músicos, idos daqui, deveriam estar por sua própria conta, ou seja, pagando pelo transporte?

– Claro que não; se estão a colaborar, é justo que todas as despesas sejam pagas por quem deles necessita. Digo, sim, que a direção da banda de lá deve, primeiramente, se inteirar da situação da banda de origem dos músicos. Se esta está livre, eles podem convidá-los e contratar o transporte. Se está ocupada, na mesma ocasião, convite nenhum deve ser feito e, obviamente, transporte não deve ser fornecido.

– Agora entendi; em contradição à não interferência alegada por eles, eles contratam e fornecem transporte em momentos, nos quais a banda de origem está ocupada. Claro que isso é interferência – Tatão retoma a explanação:

– Concordo com o Manelão, quando disse, há pouco, que a diretoria daquela banda precisa abaixar o topete. Se eles precisam de reforço, deveriam mostrar humildade, em primeiro lugar; para dialogar, aceitar sugestões, programar suas atividades em conformidade com os recursos humanos disponíveis, assim como já feito aqui, no passado. Ao contrário, valem-se de recursos vindos de fora e negam que isso aconteça. Há cerca de vinte anos, ou um pouco mais, antes de nascidos esses jovens, diretor de lá procurou o de cá e, ameaçando romper relações de amizade com este, se não atendido, exigiu que fossem liberados cinco ou seis músicos para que aquela banda pudesse se apresentar em cidade nas proximidades. E ainda teve ousadia de nominar os que ele queria. Como podem ver, a petulância é antiga na direção daquela banda. O que a salva é o espírito de colaboração e solidariedade entre os músicos!

– Mas, isso é mesmo verdade? É muita falta de respeito. E onde ficam os direitos do próximo, neste caso representado pela banda de música, da qual queriam sugar recursos humanos? E do diretor consultado, qual foi a reação? – é Quinzão a manifestar sua indignação.

– Coincidentemente, o diretor de cá era o mesmo que, depois de dezoito anos fora da direção, voltou agora ao mesmo cargo. Ele respondeu que não liberaria ninguém porque a liberação de um seria a liberação de todos, uma vez que os direitos são iguais; e, assim, a banda não poderia cumprir o compromisso. O diretor de lá cumpriu a ameaça, passando a nem mais cumprimentar seu antigo colega como diretor de banda.

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