Comodidade que incomoda

13 de Abril de 2017
Jornal O Liberal

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O coletivo, lotado à hora em que todos se dirigiam ao trabalho, parou no ponto para o embarque de mais usuários. Passageiros a viajar em pé, espremeram-se mais um pouco como podiam, para que houvesse “lugar” para mais alguns sofredores. Enquanto isso, entre os primeiros lugares, à frente, cidadão conversava animadamente com seu parceiro ao lado. De repente, seu bate-papo foi interrompido por violenta porrada na cara. Meio aturdido e raivoso, o homem se levantou já pronto para briga, quando um galarote de seus dezessete anos, um tanto envergonhado, pediu-lhe desculpas. Foi sua mochila que, presa às costas, causara o acidente enquanto ele se contorcia, para encontrar seu lugar entre os demais. O jovem não retrucou as imprecações de sua vítima, o que valeu para não azedar mais a interação entre os dois, mas o atingido continuava disposto a prosseguir no confronto; talvez uma medida de forças ao desembarque, se o destino dos dois fosse o mesmo. O incidente, que tem se tornado banal, poderia ter sido evitado, se o jovem tivesse retirado a mochila das costas, no momento do embarque, procedimento que todos deveriam seguir nessas ocasiões. A comodidade da mochila, liberando as mãos para tudo o mais, transformou todo mundo em “paraquedista” preso à terra, mas poucos se dão conta do que isso causa aos circunstantes, quando em movimento dentro dos coletivos ou em circulação no meio da multidão. Mochileiros devem estar conscientes de que, ao desaparecer o espaço à sua, é o momento de tirar das costas e carregar a mochila com as mãos.

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