Copa, mudanças e eleições em debate em todo o País

18 de Junho de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Iniciada a Copa do Mundo, com a Seleção Brasileira em campo, o País fica encantado. Nas ruas, praças e esquinas, nas janelas, nos carros, na mídia, o futebol se torna dominante. Expectativas, ora otimistas ora pessimistas, avaliações sobre jogadores, seleções e táticas, todos se transformam em técnicos. Mas persiste no ar, um sentimento bastante generalizado: a Copa do Mundo ficou politizada, ou seja, a maioria dos que desejam a derrota do governo federal e do PT parece que também querem a derrota do Brasil na Copa, prejulgando que uma possível vitória brasileira reforçaria a reeleição da presidente Dilma e ajudaria na eleição de candidato da oposição. É possível mas, a rigor, neste momento, é difícil prever o futuro, seja com relação ao campeão do mundo ou as eleições. Dominante mesmo, sob o que poucas são as divergências, é o sentimento de que o Brasil precisa de mudanças.

Mudanças da classe política, da legislação eleitoral, dos partidos, da política econômica, do regime inflacionário. Mudanças para coibir a desonestidade bastante generalizada, para dar maior agilidade e eficácia nos serviços públicos, na saúde, na educação, na segurança, nos transportes públicos. Mudança na governabilidade no sentido de que as ações públicas produzem efeitos reais na sociedade, com boa aplicação dos recursos públicos, sem os desvios que ocorrem no Brasil entre a tomada de decisão, a liberação do dinheiro e o que é efetivamente aplicado. E que políticos corruptos e os ladrões da pátria, vários bem conhecidos e antigos, sejam postos fora dos negócios públicos e levados para a cadeia.

Com ou sem vitória do Brasil, o que todos esperam é que as eleições logo após a Copa não sejam contaminadas pelo futebol que, no Brasil, é um ópio do povo, capaz de fazê-lo esquecer de sua obrigação fundamental de cidadão e eleitor, dando um voto a candidatos comprovadamente honestos, comprometidos com as mudanças. Infelizmente, o quadro eleitoral não apresenta grandes chances: Dilma Rousseff, candidata à reeleição, é pessoa séria, honesta e austera e possui competência técnica comprovada. Mas o partido, o PT, sofre o desgaste de muitos erros e mazelas que todos conhecem e rejeitam. E Dilma, para governar, teve que dividir o poder com os partidos para formar uma base de apoio no Congresso. Mas, em quem votar para realizar as mudanças? No PSDB, hoje conservador, sem proposta, a não ser as críticas e a aspiração ao poder. E o terceiro candidato, o governador de Pernambuco, do PSB, até hoje não representa nem o partido, que tem história e doutrina mas que, no Brasil, pouco importa.

No Rio e São Paulo os protestos contra a situação do País, contra a Copa ou de reivindicações trabalhistas vão continuar. Aliás, desde a Copa das Confederações, nunca estiveram desativados. Certamente, embora o esquema de segurança seja amplo e forte, com mobilização de muitas forças policiais e militares, haverá manifestações, o que pode não ocorrer em Belo Horizonte, onde há certa desmobilização. E mesmo os movimentos classistas, reivindicatórios, já tiveram seus movimentos de paralisações. E mesmo que ocorram, seguramente não irão interromper ou mesmo prejudicar os jogos e os fluxos de visitantes pela cidade e no Mineirão.

Em Minas, em Belo Horizonte, nas cidades históricas e outros atrativos turísticos, já é grande a movimentação de estrangeiros e torcedores brasileiros de outros Estados. A previsão, da Fifa e do Ministério dos Esportes, é que teremos em Minas 330 mil torcedores visitantes e perto de 3.200 jornalistas, entre os dedicados à cobertura esportiva e os geralistas. Cerca de 20 mil argentinos estão chegando em BH. Virão 2.500 ingleses e um número parecido de chilenos. E representações dos 12 países cujas seleções vão jogar em BH. A hotelaria já está plenamente ocupada, os restaurantes com várias agendas, o Aeroporto de Confins funcionando com grande lotação, a locomoção urbana já refletindo, nesta semana, a superlotação. E o esquema de segurança e de informações aos turistas em pleno funcionamento. Até agora, tudo indica que vai dar tudo certo, contrariando o pessimismo da grade mídia nos últimos meses, mais política do que realista ou esportiva. E, às vezes, até impatriótica. Torcemos pelo Brasil e seu futuro de mudanças.

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