Delírio da dengue

19 de Fevereiro de 2015
Jornal O Liberal

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“Filho feio não tem pai”; isso, para dizer que coisa mal feita nunca tem autor, mas a vida real tem revelado que filho sem pai sempre quer pai “bonito”, se bem que com a introdução do teste de DNA, as pretensões do reclamante podem cair por terra, continuando, ele “feio”, e o pretenso pai, “bonito”. Se o pai, não reconhecido documentalmente, é “feio”, o filho não quer nem o teste, para não ter que rejeitá-lo frontalmente, porque “feio” por “feio” ele fica como está. Na área pública, o filho feio (obra ou serviço mal visto) fica sem pai, mas quando é bonito, ah! quantos pais aparecem! Depois de tantos planos econômicos mirabolantes, que foram pras cucuias, chegou o Plano Real, mas no início ninguém se arvorou seu pai. Reconhecido seu acerto, para matar a inflação (ói ela aí de novo) que nos matava, apareceram, de cara, dois pais. E como brigaram os dois pela paternidade do Real, um deles a fazer beicinho e movimentar tropas, quando lhe foi possível. Talvez por isso (truculência) tenha morrido primeiro. Todo este “trelelê” é para chamar a atenção sobre problemas que, há muito, demandam solução, mas os que a deveriam prover, resolvem punir a população como responsável. A dengue, velho e localizado problema, que se espalhou pelo país, há muito reclama solução definitiva ou, pelo menos, que não mais provoque mortes. A cada ano frustrado, na erradicação da doença, arranjam-se desculpas as mais variadas, com diferença de ter a queda nos números creditada aos serviços de combate ao mosquito portador e o aumento debitado ao relaxamento do povo. Neste ano, que seca colheu a todos de surpresa, a esperteza de gravata, em gabinetes, apropriou fator diferente para justificar a explosão nos números estatísticos da dengue. Agora, estão a dizer o armazenamento de água, que o povo faz para fazer frente à escassez, está a fomentar os criadouros de mosquitos! Desculpa porca e esfarrapada! Só mesmo quem nunca viveu a necessidade de armazenar água, para o consumo doméstico, pode dizer tamanha estultice. Armazena-se água em casa, em casos emergenciais, ainda que por períodos relativamente longos, para consumo em dois ou três dias, dificilmente mais que isso. Nas casas nem tanto espaço há guardar vasilhames com água! Arrumem outra, porque esta não cola. Quem inventou tal lorota deve estar a delirar de febre, possivelmente da dengue!...

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