Depende de todos nós

25 de Agosto de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

O mundo foi surpreendido esta semana com a morte do ator Robin Williams. Morte em si já impressiona, por suicídio, então, deixa a gente fora do ar. Williams era, em minha opinião, um dos melhores atores da atualidade. O filme “Além da eternidade”, estrelado por ele, é um dos meus preferidos, e a emoção que o personagem passa é indescritível.

Torna-se inevitável a pergunta: “o que leva um ator famoso, rico, jovem (63 anos em nosso século é jovem, sim) cometer um ato tão extremo quanto tirar a própria vida?” Por uma triste coincidência (ou não) as duas primeiras respostas que chegam à nossa mente foram determinantes no caso. Drogas (mais especificamente alcoolismo) e depressão. É inacreditável que em pleno século 21 ainda há quem julgue esta doença “frescura”. Não são poucos, infelizmente. “Frescura”, “falta do que fazer”, eu já cheguei a ouvir a pérola “eu não tenho tempo para ter depressão”, como se isto fosse uma escolha.

A triste estatística é que a depressão matará mais do que câncer ou AIDS nos próximos 20 anos. Não será essa incompreensão das pessoas um dos motivos para que isto aconteça? Será que se não fôssemos mais tolerantes e procurássemos entender a doença como doença que é, mais pessoas se tratariam deste terrível mal? Não me refiro ao comodismo. Deixar o outro na cama por dias seguidos ou ignorá-lo até que ele “saia dessa”. Apoio, palavras de otimismo, até ações efetivas como levar um filme para assistir junto ou convidar para sair, mesmo sabendo que a pessoa não vai, é muito importante. Mas não devemos nunca menosprezar o depressivo, tentando forçá-lo a uma situação da qual no momento ele é prisioneiro.

Pensamento positivo, otimismo, fé, tudo isto ajuda. Mas a orientação médica também é imprescindível. Já se foi o tempo em que psiquiatra era “médico de doido”. Falo por experiência própria. Todos os meus amigos próximos sabem que eu devo a minha vida, depois de Deus, a uma psiquiatra, um anjo que passou rapidamente pelo Planeta para salvar pessoas, entre elas, eu. Dra. Patrícia foi a salvação de muitas almas, não apenas em Ouro Preto, mas nas cidades onde atendia.

Doença se trata com medicação e depressão não é frescura, não é fraqueza, nem falta de fé. É doença. O ser humano são três núcleos: físico, mental e espiritual. Cada um deve ser cuidado em sua área. A origem da doença pode vir de um, de dois, ou dos três. O importante é que o doente entenda isto, procure sua origem e se trate. E mais importante ainda é que aqueles que o cercam também entendam isto. Para, sem generalizar, pararem de falar besteira e ajudar a pessoa.

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