Dinheiro, mal ou bem?

07 de Julho de 2017
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Dê-se uma trégua à corrupção, aos políticos corruptos e à política de baixa expressão, para que se trate também do alvo de toda essa miséria humana, que se mostra com mais força em território tupiniquim. Esse alvo é o dinheiro, embora e erroneamente, seja tido como causa de todos os males quando, na verdade, essa origem está na cobiça e ambição desmedidas. Julgado e condenado por muitos, o dinheiro não é culpado de nada!

Dito isso vamos ao que interessa no que toca aos conceitos sobre dinheiro, não sob os aspectos econômicos, porque este não é o espaço para tal e o autor, muito menos, tem a requerida autoridade. Contudo, em sendo o assunto de interesse geral, pois todos dependem do dinheiro, verifica-se que ele, nem sempre, é bem conceituado, mormente na extensa camada dos menos esclarecidos. Entre os mais simples, muitos conceitos errôneos envolvem o dinheiro, a começar pela forma de adquiri-lo. É comum ouvir dizer que, para ganhar dinheiro, honestamente, há que trabalhar muito. Isso é uma inverdade, pois, sem mais exemplos para não ficar enfadonho, ganha-se dinheiro mediante aplicações financeiras, que não têm nada de desonesto; ganha-se dinheiro em loterias e jogos legalizados, sem cair na desonestidade. O que se pode dizer é que para fazer a aplicação e jogar na loteria, primeiro há que ganhar dinheiro com algum trabalho. É dito também que o dinheiro torna as pessoas más e gananciosas. Nada mais falso. O que pode acontecer é a pessoa já ter a marca da ruindade, que pode ser exacerbada com a chegada do dinheiro, mas não que este venha a ser a causa. O que a pessoa é, boa ou má, continua a ser, com ou sem dinheiro! O dinheiro apenas facilita as coisas, para o bem ou para o mal, a depender da pessoa que o emprega! Para não dizer que não se tocou em economia, há que se lembrar dos que afirmam não ser possível poupar, quando se ganha pouco. Grande mentira! Mesmo quem ganha pouco pode poupar, desde que queira e que saiba eleger prioridades. O segredo está na adequação das despesas à receita, gastando-se tão somente com o essencial. Se não há poupança é porque, na maioria das vezes, gasta-se com o supérfluo, com o desnecessário. Há pessoas que não aguentam dinheiro no bolso, gastando-o na compra da primeira bobagem que encontram. Em várias ocasiões, compra-se porque o produto está barato, está em promoção. Diante disso, conclui-se que, havendo dinheiro para gastar com o supérfluo, há capacidade para poupança. O que falta é vontade e planejamento.

Mas o mais grave contra o dinheiro, na cabeça das pessoas, não está entre os conceitos considerados até o momento. O dinheiro chega a ser satanizado por muitos, não sendo raras as vezes em que se ouve: -“dinheiro é invenção do diabo”; “dinheiro é coisa do satanás”. É até engraçado porque, embora demonizado, ninguém pode e ninguém quer ficar sem ele! E mais: geralmente, os que assim encaram o dinheiro são os de menores posses, os mais carentes do próprio, os que o obtêm em quantidade mínima com maior esforço em trabalho.

Essa incoerência é fruto de uma educação oportunista com origem no interesse dos mais espertos, ainda nos primórdios da civilização, que assim garantiam para si o domínio econômico. Ao longo dos séculos, o conceito de coisa amaldiçoada passou de geração em geração, em contraposição ao verdadeiro conceito que seria coisa sagrada pois, em princípio, o dinheiro é gerado pelo trabalho, por sua vez, propulsor da continuidade da vida. Longe de ser algo nefasto, o dinheiro é, pois, uma bênção! O que pode haver de errado está nos modos de obtê-lo e nas formas de utilizá-lo. Portanto, se mal há, está exclusivamente na ação humana! Dinheiro, o mais perfeito bem econômico é fruto da inteligência e engenhosidade do Homem, por meio do qual se permite a troca de qualquer outro bem material entre indivíduos. Ele só não compra o que não se configura dentro do mundo material!

Diz-se, comumente, que dinheiro não traz felicidade. Não traz mesmo, porque felicidade está no íntimo de cada indivíduo, ainda que à espera de ser descoberta; não traz amor, pelas mesmas razões; e não traz saúde, podendo, sim, ser útil em sua prevenção, conservação e tratamento. No trato com o dinheiro muito há que mudar, não só na forma de empregá-lo, de acordo com as circunstâncias e prioridades individuais, mas, sobretudo, na atitude mental, passando do desprezo hipócrita, que convém aos que o querem em maior volume, ao respeito merecido como resultado do trabalho. Esse respeito começa pelo cuidado em não danificá-lo, incluindo-se aí não tê-lo como papel para quaisquer escritos ou rabiscos e se completa com a imagem de uma criação humana destinada a dar melhor qualidade de vida a quem o merece. Quem maldiz, maltrata ou danifica o dinheiro, não dá valor ao próprio trabalho.

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