Dom Luciano, a caminho do altar

07 de Setembro de 2014
Jornal O Liberal

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*Douglas Couto

Mais um nome se une à já extensa lista de brasileiros que podem chegar à glória dos altares. Oito anos após a sua morte, dom Luciano Mendes de Almeida, falecido em 27 de agosto de 2006, caminha rumo à beatificação, com as bênçãos do Papa Francisco.

Veio de Roma, a cidade eterna, a confirmação que encheu os corações dos católicos de esperança: o pedido do seu sucessor, o arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha, foi aprovado pela Congregação para a Causa dos Santos, que deu a esperada autorização para que a arquidiocese abra o processo de beatificação de dom Luciano.

É um caminho longo, mas inevitável. Ao iniciar o processo de beatificação, a Igreja Católica apenas ratifica aquilo que já era uma certeza para muitos, desde a sua morte, e até antes: aquele homem já era para o seu povo um santo em vida. Ao reconhecer a santidade de dom Luciano, não significa dizer que ele acertou sempre ou que tudo foi positivo em sua vida. Um santo é um pecador que nunca desiste no caminho da conversão.

Nesse sentido, dom Luciano, que recebeu da Santa Sé o título de “Servo de Deus”, viveu intensamente este caminho, desde a sua juventude entregue à companhia dos jesuítas, marcada pela completa entrega ao próximo, até ao acaso da vida, marcado pelo sofrimento e pela doença.

Um dos aspectos notáveis da sua santidade é, precisamente, a perseverança: apesar da imensidão de tarefas que o ocuparam, das missões que a Igreja lhe confiou, dos sofrimentos e das doenças, dom Luciano nunca renegou nada, nem deu as costas ao seu destino. O seu caminho fez-se de *Douglas Couto é jornalistaserviço e a sua conversão foi sempre no sentido do mais: mais fé, mais esperança, mais caridade.

Eis, aqui, talvez, o seu grande legado: o amor aos humildes. Um homem que viveu para servir acolhia com simplicidade em seu coração generoso os mais pobres e fez da frase “Em que posso ajudar?” seu lema de vida.

É preciso que não se faça esquecer o ser humano, pois nosso bispo santo era acima de tudo homem na sua inteireza de caráter, na sua profunda proximidade a todos, na alegria que transmitia tanto aos mais íntimos quanto às multidões. Sua voz mansa e o sorriso constante disfarçavam o cansaço e a fraqueza de alguém que, aos 76 anos, carregava o peso de noites mal dormidas e de viagens contínuas.

Em três décadas de episcopado, construiu biografia fiel à sua vocação e à Igreja. Jamais mediu esforços para ajudar. Era um pastor que estava bem perto do seu rebanho. Sua beatificação pode ser um processo longo, mas inevitável. Afinal, como negar a santidade a uma alma caridosa, que veio ao mundo para servir, mostrar um caminho e indicar uma direção para a humanidade ser mais feliz?

*Douglas Couto é jornalista

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