É hora de planejar a expansão da Região dos Inconfidentes

31 de Agosto de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

A notícia de que um grande consórcio de construtores, integrado por empresas de Belo Horizonte e de São Paulo, irá construir uma nova centralidade urbana às margens da BR-040, no trajeto entre a entrada para a Rodovia dos Inconfidência (BR-356) e o acesso para o Retiro do Chalé, tem repercussão em toda a região e interessa particularmente a Ouro Preto e Itabirito. O projeto já está em elaboração e prevê também a implantação de um grande shopping paulista, o Iguatemi, com previsão de primeiras e segundas residências, para mais de 50 mil pessoas. Esta notícia confirma o que há poucos anos o Instituto Horizontes, entidade da sociedade civil dedicada a estudos urbanos, havia previsto, qual seja a expansão de toda a região ao sul de Belo Horizonte, até porque os outros eixos em torno da capital, como Betim, Sabará e a região norte, estão praticamente esgotados em razão da ocupação já existente.

Esta é a previsão também da Agenda Metropolitana, órgão do Governo do Estado dedicado ao planejamento da Grande BH e que também antevê uma nova direção da expansão de toda a região, agora para o chamado Vetor Sul. Esta expansão já é grande para Nova Lima, onde assusta a veloz e intensa ocupação das vertentes locais das serras, a poucos quilômetros de BH, onde há um verdadeiro “paliteiro” de edifícios e grandes loteamentos. E não parecem sentir a anunciada “bolha imobiliária”, que seria causada pela grande oferta de imóveis, o que faria baixar preços e manter dezenas de edificações sem comprador. Na verdade, a estrada de acesso à Nova Lima é hoje um grande problema para o trânsito local, congestionado e com várias retenções. Outro exemplo é a grande ocupação que sofrem os primeiros quilômetros da BR-040, nos dois lados. No trevo para a BR-356, há o Alphaville, hoje praticamente ocupado, e também a implantação de uma grande indústria química naquela região, em início de construção.

É claro que as consequências desta ocupação já serão sentidas em poucos anos. E certamente trarão consequências para toda a região, especialmente para os trajetos da BR-040 e a BR-356, que levam a Itabirito, Ouro Preto e Mariana. Não é possível impedir o crescimento das cidades, a partir de demandas de novas habitações. Mas é possível disciplinar a ocupação do solo, com edificações de boa qualidade, bom aproveitamento de terrenos e seus recursos naturais e a adequação destinação de rejeitos. Esta região está no município de Nova Lima, já envolto em muitos problemas urbanos e que tem sido muito negligente em matéria de planos diretores de uso e ocupação do solo. Grande parte da expansão desordenada dos loteamentos à saída de Belo Horizonte, inclusive o Belvedere, se deve a favorecimentos da Prefeitura de Nova Lima, como, por exemplo, com a não cobrança de impostos, o que é inadmissível na moderna gestão municipal.

O fato é que o futuro breve para toda a região apresenta muitas novidades que precisam ser bem estudadas e, desde já, controladas. Nos últimos dois anos aumentou consideravelmente a procura de terrenos para empreendimentos coletivos em toda a região de Itabirito e Ouro Preto. A região do distrito de Glaura tem sido objeto da cobiça imobiliária e já conta hoje com quatro grandes empreendimentos, que deverão mudar totalmente a fisionomia e as condições de vida. O mesmo ocorre com Itabirito, que experimenta um momento econômico muito atrativo, inclusive por sua expansão empresarial. Itabirito passa hoje por um grande movimento de ocupação de encostas, inclusive em terrenos de grande aclividade e geologia instáveis, e é correto prever que este crescimento continuará, ou até se acelerará, em razão dos atrativos econômicos e empresariais que apresenta.

A rigor, toda a região, por toda a extensão da Rodovia dos Inconfidentes, deveria ser objeto de um grande e integrado planejamento, com participação do Governo do Estado e das Prefeituras de Itabirito, Ouro Preto e Mariana, procurando disciplinar ocupações inadequadas ao perfil e vocações da região. Já é difícil, no momento, a convivência entre turismo, atividades culturais e a mineração, esta também em grande expansão na região, com novos empreendimentos já anunciados e todos de grande porte. Seria hora de estes três municípios, que passam por momento econômico e financeiro melhor, se unirem numa associação regional e desde já contratarem um plano comum envolvendo todos os aspectos da região e indicando a preservação necessária, sem impedir, é claro, as boas expansões, aquelas que interessam à região por seu perfil e tipo de atividade. Se não o fizerem, estarão comprometendo o futuro da região que passará por grande expansão, segundo todas as previsões e que já começa a ocorrer por todas estas notícias.

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