E o som, pelo abuso, se propagou e inquietou

19 de Setembro de 2014
Jornal O Liberal

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Se alguém, na Região dos Inconfidentes, queria publicidade, esse alguém a teve em dose generosa, por meio de conhecido programa televisivo, porém sob ângulo negativo. E o tema da discussão acendida pelo programa não podia ser outro, se não o abuso do som amplificado, verdadeira praga da modernidade que, se não contida dentro dos limites do bom senso, de acordo com as circunstâncias (não somente dos decibéis) acabará por levar boa parte das pessoas à surdez e desequilíbrio nervoso. O que surpreende é que no centro da polêmica está justamente um sacerdote, titular de tradicional paróquia, autoridade e instituição religiosa, que devem ser o centro do equilíbrio dentro da comunidade. Onde o desconforto público se instala pela ação unilateral, esperam-se, de instituições religiosas e seus representantes, palavra de orientação e gestões conciliativas para a restauração do equilíbrio. Se esses pontos se transformam em geradores de insatisfação e desconforto públicos, tem-se instalado o caos. E aí é o salve-se quem puder! Para se comunicar com a comunidade paroquial, inserida em outra maior da qual fazem parte inúmeras outras confissões religiosas, e propagar ofícios religiosos, possante parafernália é usada, desprezando-se meios mais eficientes, abrangentes e discretos como a própria internet. Reação da comunidade, desde o entorno da igreja-matriz até pontos mais afastados da cidade, provocou a intervenção televisiva, desnecessária quando fiscalização se faz e a lei se cumpre. O resultado foi o confronto entre profissional de comunicação, em defesa dos direitos de cidadania, e a autoridade religiosa que, na presunção de estar correta, é posta em cheque por parte representativa da população local. Lamentável o episódio, quando se sabe que templos religiosos mineiros, edificados nos tempos áureos, não necessitam dessas modernidades, pois contêm em suas características os meios de solucionar questões acústicas. Dos altares e púlpitos se propaga a palavras e do coro se propaga a música, em condições de igualdade auditiva, para todos os fiéis, sem necessidade do uso de qualquer equipamento eletrônico. E, o exterior ao templo, necessidade não há de o som alcançar, pois cabe ao fiel, querendo, comparecer ao local dos ofícios religiosos. Serem todos obrigados a ouvir o que se dirige a um grupo contraria o mais elementar princípio da liberdade: o direito de escolha.

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