Educação da idade da pedra

01 de Outubro de 2011
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

O tema, abordado várias vezes em ocasiões anteriores, continua válido e ainda por muito tempo, enquanto educação não se tornar característica básica tupiniquim, assim como é de outros povos. Há requisitos básicos e indispensáveis para que o relacionamento harmonioso, entre indivíduos e grupos desses, se processe de forma satisfatória, sem que qualquer das partes se sinta ofendida, prejudicada, às vezes até humilhada. Estão entre esses requisitos: a observância de horário, cumprimento de compromissos assumidos e atenção aos contatos em nosso círculo de convivência social.

Nada mais irritante, por exemplo, do que comparecer a encontro ou reunião marcada e, no local, a pessoa ficar com cara de tacho à espera da outra parte, indivíduo ou grupo, que, em gesto de pouco caso, desconsidera a existência do relógio. Pessoas há que fazem do atraso sua marca registrada e ainda se vangloriam de ter a agenda cheia, esquecendo-se de que nada vale, se não estiver bem programada para ser cumprida. A solenidades especiais com possibilidades de assento à mesa diretora, chegam sempre com atraso. Tais figuras querem ter o prazer do nome anunciado, isoladamente, para que mais notadas sejam. Infelizmente, na maioria das vezes, o mestre de cerimônias corresponde ao seu desejo; e o evento, iniciado com atraso, mais ainda se atrasa para que o/a egocêntrico/a se pavoneie diante do público. Melhor seria que o mestre de cerimônias tivesse olhos e ouvidos para tais casos!

Na era do telefone popularizado e do celular, ou telemóvel, vulgarizado, não se justifica falta a compromisso agendado, sem prévio aviso à outra parte, a menos que morra antes. Entretanto, é o que mais ocorre. Celular, bendito elo em momentos aflitos e locais remotos, também maldita engenhoca, usada a qualquer hora e em qualquer lugar, para bobices, tretas e mutretas. Pessoa a falar sozinha na rua era louca, mas com o andar da carruagem, hoje, é pode ser confundida com usuária de celular, escapando, assim, do preconceito de que gozam os ditos “anormais”. Usa-se, abusa-se dele, mas na hora H mesmo, poucos dele se lembram.

Na área corporativa, a título de modernidade, a camuflar economia em recursos humanos, surgiu a telefonista eletrônica, terror dos que convivem com o telefone, mais por necessidade que por simpatia. Assim é que ao digitar (não mais se disca em telefone), quando tudo está normal, em lenga-lenga, uma voz instrui, mais ou menos assim: se está vivo, disque (discar?) um; se quer morrer, disque dois; se quer flores no caixão, disque três; se quer ser cremado, disque quatro; se quer ir pro inferno, aguarde na linha que o diabo vai estar lhe (ai, ai!) atendendo - o pronome LHE empregado de forma errada e o gerundismo atestam a qualidade do serviço. A essa altura, o sujeito já morreu de raiva, por se perder no meio das opções, ou junta forças para continuar vivo e “matar” da mesma os que teimam em nos fazer de bestas; mas ainda tem que aguardar, às vezes até se cansar e desistir, enquanto moderno realejo toca “musiquinha” idiota em seu ouvido.

A internet veio para facilitar e aproximar, mas também aí o diabo já se meteu, representado por desocupados e seus abelhudos eletrônicos. Para rechaçá-los criou-se o CAPTCHA, recurso utilizado para certificação e identificação de humanos. Para os que não sabem, captchas são letras e/ou algarismos borrados e riscados, justamente para dificultar a ação de pessoas desocupadas que queiram burlar essa segurança. Geralmente, o internauta os encontra em formulários a serem abertos e preenchidos "online". Se, por um lado são necessários para a segurança, por outro representam incômodo, obstáculo, aporrinhação e fator de desistência, pois, não raro, há que repetir tais códigos incontável número de vezes e não se obter o acesso.

Há sites corporativos que não passam de ostentação, não correspondendo às expectativas dos que os acessam, mormente no que tange aos serviços oferecidos. Exemplo disso aconteceu com cidadão ao necessitar de contato com determinada instituição. Considerada a importância da instituição, deduziu que ela teria site na internet. Pesquisou e encontrou, mas, além de sua própria apresentação, nada mais havia. Entretanto, abria-se meio de interação com ela mediante link de contato. Enviou, então, mensagem com solicitação de informações e instruções. Aguardou por uma semana e nenhum retorno lhe foi dado. Compareceu, pessoalmente, e aí foi informado que não era hora para aquele atendimento. Teria que voltar no horário específico, em outro dia. Haja paciência para aguentar tamanha deficiência na comunicação!

Ó cara pálidas! Por que não inserir no site todas as informações de interesse público? E, se não quer, não pode, ou não sabe responder aos consulentes online, para que então o link de contato?

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