Elites, Anti-Petistas e Bolsas

22 de Junho de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

Jornais, televisão, rede social, enfim, mídia, vêem sendo massacradas por esta palavra “elite”. Na verdade, ela sempre foi muito usada, por interesses diversos, mas de umas semanas (talvez uns meses) para cá, está demais. Peço licença aos queridos leitores para ser menos “amena” hoje, mas tem horas que simplesmente não dá. Tenho observado, e como eu a maioria da população desta cidade e deste país, como é possível a distorção dos fatos, sem generalizar, é claro. Não generalizo nunca, mas isto nem é preciso, de tão acintosa é a posição de alguns. E eu não estou me referindo aos políticos, mas a certos “candidatos a cargos”, que no afã de agradar a este ou aquele, acabam caindo no ridículo.

Estão tentando (e mais uma vez repito, sem generalizar) transformar o Brasil em duas classes sociais: de um lado a situação de extrema pobreza, de outro, a elite. O cidadão dá um duro danado, levanta cedo, pega ônibus lotado, trabalha 12 horas por dia, e, quando consegue com o suor do seu trabalho digno comprar o seu apartamento financiado ou o seu carro na garagem, pronto: virou elite. O casal batalha desde sempre pela melhoria de sua qualidade de vida, divide-se entre trabalho, estudo, educação dos filhos, e quando consegue colocá-los em uma boa escola, olha a família da elite aí, gente!

Pelo amor de Deus! Chega desta ladainha de 8 ou 80. Corta o coração ver a situação em que vivem muitas famílias neste país, sempre com crianças, na linha da miséria, mesmo. É preciso ajudar, o governo deve sim fazer a sua parte para dar condições dignas a estas pessoas, mas não é por isso que o resto do país virou elite. Tenham dó! Entre o 8 e o 80 tem muito número.

Calma lá, pseudo defensores dos pobres e oprimidos! Quer dizer que é elitismo estudar, trabalhar, vencer pelo próprio esforço, sem bolsa isso e bolsa aquilo. Outro detalhe: falou “A” em discordância a esta enxurrada de bolsas do governo, é pior ainda: além de elite, anti-petista. Haja paciência! Tenho vários amigos petistas. Concordamos aqui, discordamos ali, e no geral eu sou contra mesmo, direito meu. Como é direito deles serem a favor. Conheço petista que realmente tem ideal, que acredita, e que não sai defendendo a torto e a direito sem nem saber o que. Da mesma forma conheço alguns que estão ainda lá nos anos 80. São a turma do “extrema pobreza x elite”.

O programa bolsa família, como programa, é sim, uma boa medida, e não é preciso ser petista, anti-petista, miserável ou elite (já que não existem outras classes sociais) para enxergar isso. Inadmissível é que o programa do papel não significa a prática. Até morto recebe bolsa, falar mais o que?

Pronto, para alguns já virei elite também, só pelo comentário. “Você tem sua casa própria”, “você não passa fome e não sente frio”, etc, etc, etc. Graças a Deus não passo mesmo. Compro os meus agasalhos com o dinheiro que recebo dignamente do meu trabalho. Também com o dinheiro digno eu tenho lazer, viajo de vez em quando, etc. Isto é ser elite? Me poupem.

A situação dos menos favorecidos é triste e merece ajuda. Mas a tragédia do outro não pode ser usada para denegrir outras vidas dignas e simples. Ah, eu me esqueci: vida simples não existe mais. Ou se passa fome ou se é elite. Com efeito!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook